Brasil a caminho da recuperação
56% dos entrevistados acreditam que a situação econômica pessoal estará um pouco ou muito melhor até dezembro
A inflação tem dado bons sinais de queda. Este ano, o índice deve fechar acima da meta estipulada pelo Banco Central, uma situação considerada normal por muitos analistas depois dos efeitos da pandemia e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Muita gente, no Brasil, já estava desacostumada com esse fenômeno. Desde a implementação do Plano Real, no governo Itamar Franco, o País convive com uma certa estabilidade de preços. Os reajustes, em sequência, obrigaram os consumidores a mudar alguns hábitos.
Em reportagem publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul, na semana passada, a aposentada Marli Cleis foi taxativa. “Tem de comprar menos para forçá-los a vender mais barato, porque fica sobrando”. Ela contou ter adotado essa tática após notar aumento em vários itens. Outra estratégia de Marli é pesquisar preços em diversos supermercados e comprar os produtos mais baratos em cada um. Marli disse que é importante saber os dias de promoções nos estabelecimentos, para economizar.
O aposentado Odair Vivan também mudou alguns hábitos na hora de comprar. Trocou as marcas de costume por outras de menor preço. E deixou de comprar alguns itens que estão mais caros. “Só se for muito necessário, como para usar no preparo de um prato específico”.
Com o orçamento mais justo, um em cada quatro brasileiros afirma não conseguir pagar todas as contas no fim do mês. A constatação é de uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Instituto FSB Pesquisa. O levantamento mostra, ainda, que gastos com lazer, roupas e viagens foram reduzidos.
De acordo com o relatório, está cada vez mais difícil sair do vermelho. De acordo com a pesquisa, 29% dos brasileiros poupam, enquanto 68% não conseguem guardar dinheiro. Apesar disso, 56% dos entrevistados acreditam que a situação econômica pessoal estará um pouco ou muito melhor até dezembro.
Os entrevistados apontaram alguns vilões para a situação atual. O gás de cozinha que ficou em primeiro lugar, com 68% de citações. Depois vêm o arroz e o feijão (64%), a conta de luz (62%) e a carne vermelha (61%). Os combustíveis aparecem em sexto lugar, atrás das frutas e verduras.
Um dado interessante apresentado pela pesquisa é que com a alta dos preços, o consumidor voltou a um hábito antigo: pechinchar. Segundo o levantamento, 68% dos entrevistados admitiram ter tentado negociar um preço menor antes de fazer alguma compra.
O estudo também mostrou que 64% dos brasileiros cortaram gastos desde o início do ano e 20% pegaram algum empréstimo ou contraíram dívidas nos últimos 12 meses. Em relação a situações específicas, 34% dos entrevistados atrasaram contas de luz ou água, 19% deixaram de pagar o plano de saúde e 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.
Para o presidente da CNI, Robson Andrade, os rescaldos da pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia comprometeram a recuperação econômica do País. A aceleração da inflação levou à alta dos juros, o que tem desestimulado o consumo e os investimentos. Em contrapartida, diz Andrade, o desemprego está caindo, e o rendimento médio da população está se recuperando gradualmente, o que dá um alento para os próximos meses.
É isso que se vê no olho do consumidor brasileiro. A esperança de dias melhores. Os anos de restrição, provocados pela pandemia, afetaram, e muito, o ânimo geral. Eram muitas incertezas e dúvidas. Agora o horizonte começa a clarear e a vida voltar ao normal.
Prova disso é a projeção feita pela Associação Comercial de Sorocaba (Acso), que aposta num crescimento médio de 3% nas vendas para o Dia dos Pais na comparação com as vendas efetuadas em agosto de 2019, antes de sequer pensarmos em coronavírus. Esse dado mostra uma boa recuperação econômica e é um alento para quem vive do comércio.
Como temos destacado, sempre, o Brasil tem acumulado boas notícias e estamos causando inveja em muito país por aí que não soube, ou não teve coragem, de enfrentar a Covid-19 da maneira correta.