Os limites da liberdade nos tempos modernos

Os limites da liberdade variam muito, mas nunca devem ser confundidos com a libertinagem

Por Cruzeiro do Sul

Respeito às crenças e à liberdade de religião

Até que ponto o ser humano civilizado, que vive em sociedade, tem o direito de professar a sua liberdade? Essa é uma resposta que sempre desafiou os sociólogos e filósofos através dos tempos. As diferenças de comportamento, dependendo de que parte do planeta se vive, são abissais.

Na Índia por exemplo, cada religião tem uma cultura completamente diferente da outra. Embora alguns atritos ocorram, principalmente entre hindus e muçulmanos, eles conseguem viver dentro de uma certa harmonia. Outros grupos religiosos minoritários defendem algumas crenças que seriam condenadas aqui na civilização ocidental.

Uma dessas religiões é o Jainismo, seguida por cerca de 0,4% dos indianos, algo próximo de 4 milhões de pessoas. A seita foi fundada no século 6 a.C, por Mahavira, que viveu no tempo de Sidharta, o nome de batismo de Buda. O grupo prega o abandono da vida de riquezas em busca da libertação espiritual.

Para eles, todo ser vivo é sagrado e, por isso, deve ser respeitado. A consequência é que os jainistas não comem nenhum tipo de ser vivo animal e não usam roupa derivada de animal. Só que os jainistas têm uma dissidência ainda mais radical, os Digambaras, que levam os ensinamentos tão a sério que não usam nenhuma roupa e não comem quase nada, pois estariam “roubando” o alimento de um outro ser vivo. É fácil, caminhando pelas estradas do interior da Índia, encontrar grupos dessa religião, completamente nus, vagando em busca de conforto espiritual.

Outras religiões e nações adotam a poligamia. O próprio Alcorão diz que um homem deve tomar para si duas, três ou até quatro esposas desde que tenha capacidade de sustentá-las dignamente. O mesmo livro sagrado dos muçulmanos restringe vários direitos da mulher, o que também não é visto com bons olhos pela sociedade moderna ocidental.

Como se pode ver, os limites da liberdade variam muito, mas nunca devem ser confundidos com a libertinagem. A liberdade garante o direito do indivíduo se movimentar livremente, se comportar segundo sua própria vontade, desde que não prejudique os outros. Já a libertinagem deriva do uso equivocado do conceito de liberdade, denota irresponsabilidade, que pode prejudicar não só a própria pessoa, mas outras que com ela convivem. Quem age com libertinagem, não se importa com as consequências que o seu comportamento pode ter.

Desde o final de janeiro, o jornal Cruzeiro do Sul vem denunciando a existência de um ponto de “cruising” (local usado para encontros sexuais com desconhecidos, geralmente em espaços públicos), bem ao lado da Usina Cultural, na marginal direita do rio Sorocaba.

Basta passar pelo trecho, de dia ou de noite, para presenciar cenas lamentáveis e irresponsáveis da conduta humana. Além dos atos sexuais em público, há relatos de tráfico e de consumo de droga, entre outras infrações. As famílias que frequentavam a área com seus filhos tiveram que abandonar o local. A iluminação precária e a falta de policiamento são outros fatores que incentivam abusos cada vez maiores. Os frequentadores do “cruising”, além de constantemente infringir as leis, ainda desrespeitam o direito dos outros membros da sociedade.

Após as primeiras denúncias estampadas pelo jornal, algumas medidas paliativas até foram tomadas, a iluminação foi reforçada, um portão impede o acesso à Usina Cultural, mas é muito pouco pelo tamanho da encrenca que ali se instalou. Medidas mais duras devem ser tomadas para devolver esse espaço público à sociedade sorocabana.

Mais preocupante é saber que esse não é o único ponto da cidade tomado por esse tipo de libertinos. Outros tantos estão listados nos sites organizados pelos próprios adeptos dessa nova modalidade de “diversão”.

Todos os cidadãos têm o direito pleno à liberdade, mas comportamentos que ferem os direitos do restante da população devem ser coibidos. Para ilustrar esse pensamento recorremos à frase do filósofo inglês Herbert Spencer: “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”.