Um duro golpe nos desmanches ilegais
Nosso objetivo é simples: roubou um carro ou uma moto? Não terá mais onde vender"
Os primeiros meses do sorocabano Guilherme Derrite à frente da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo têm sido marcados por notícias interessantes para quem confiou nesse policial (ele é capitão da Polícia Militar) para tratar de tema tão caro para os paulistas. Isso porque Derrite foi eleito e reeleito para a Câmara Federal com expressivas votações (aproximadamente 120 mil votos em 2018 e o dobro disso em 2022) exatamente pela sua atuação voltada para a segurança pública e o combate à impunidade. Os desmanches ilegais, comércios clandestinos que sustentam a “indústria” do roubo de automóveis no Estado, não raras vezes produzindo vítimas fatais, sofreram duros golpes.
Os frutos de intensos trabalhos de investigação e inteligência começaram a aparecer logo ao final do primeiro mês da atual administração. As equipes policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prenderam quatro pessoas por esquemas de receptação e de desmanches ilegais em Carapicuíba e em Osasco, cidades na região oeste da Região Metropolitana de São Paulo. Em Carapicuíba, o esquema especializado em motocicletas de alto valor funcionava dentro da garagem de uma casa. Em Osasco, os caminhões eram o alvo preferencial.
Já em fevereiro a Polícia Civil anunciou, por meio da Operação Pirâmide -- que tem como objetivo combater o roubo, furto e receptação de carros roubados -- a prisão de sete pessoas que operavam o desmonte dos veículos para posterior venda de peças em três estabelecimentos na zona leste da Capital e outro em Santo André, na Grande São Paulo.
Uma semana antes, policiais da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Desmanches Delituosos, vinculada ao Deic, havia prendido quatro pessoas envolvidas no comércio de autopeças sem procedência lícita, em outro comércio da zona leste paulistana. Os criminosos depois de desmontarem os automóveis, descartavam as peças identificadoras, tais como chassi e bloco de motor, junto ao comércio de sucata. Como costuma acontecer nesses casos, além das dezenas de peças veiculares sem etiquetas de identificação, foram apreendidas, também, armas e munição.
A região de Sorocaba não ficou de fora das iniciativas para coibir as atividades dos chamados “ferros-velhos”. Esses estabelecimentos, frise-se, de quebra são responsáveis, também, pela receptação de fiação de cobre, portões e todo tipo de peças metálicas roubados de residências, empresas e órgãos públicos de toda natureza. Abastecem, assim, outra atividade ilegal, esta das mais perigosas e violentas: o tráfico de drogas. No último dia de fevereiro, a Operação Box, deflagrada em 79 municípios do Estado, prendeu, somente nas 18 cidades englobadas na área da Seccional da Polícia Civil de Sorocaba, 31 pessoas, sendo 11 em flagrante delito. Em Sorocaba, a operação vistoriou nove desmanches e interditou quatro estabelecimentos que operavam irregularmente.
Nesse caso, foram dois meses de trabalho do setor de inteligência para levantar os locais clandestinos. A ação contou com o apoio do Detran, prefeituras municipais, Polícia Militar e guardas civis municipais e levou para a cadeia, também, um homem foragido da Justiça do Nordeste, sentenciado a mais de 30 anos de prisão por latrocínio (roubo seguido de morte). Pois bem: graças a operações como essa, somente no mês de fevereiro a Polícia Civil de Sorocaba realizou, ao menos, 85 prisões por crimes como furto, tráfico de drogas, além de mandados de busca e prisão. Não é pouca coisa.
O secretário explica que essas operações visam tornar os crimes menos lucrativos aos criminosos. “Agir com trabalho de inteligência é asfixiar financeiramente o crime. Nosso objetivo é simples: roubou um carro ou uma moto? Não terá mais onde vender”.