Como evitar problemas nas viagens aéreas
Um mínimo deslize com a bagagem e um objeto estranho e comprometedor inserido numa das malas pode estragar uma vida
Uma viagem aérea, principalmente para fora do país, é um momento único na vida de muita gente. Algumas pessoas levam anos planejando e é na hora do embarque que as fantasias começam a se realizar. Só que em alguns casos, o sonho acaba se transformando num verdadeiro pesadelo.
Foi o que aconteceu com as goianas Kátyna Baía e Jeanne Paolini. Sem desconfiar de nada, elas acabaram se tornando vítimas de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas. Foram presas na Alemanha por transporte de cocaína e amargaram mais de um mês numa cela fria da cadeia de Frankfurt.
Tudo começou com a troca de etiquetas das malas, no setor de bagagens do aeroporto de Cumbica. Uma organização criminosa subornava funcionários da empresa contratada para o controle das malas e eles realizavam a substituição. Na hora do desembarque, já no exterior, uma pessoa ficava encarregada de receber o material contrabandeado.
A polícia federal do Brasil começou a investigar o caso e, por sorte das goianas, imagens de câmeras de segurança conseguiram captar o momento em que o crime ocorreu. Os funcionários foram presos e acabaram confessando a troca. Se não fosse essa ajuda tecnológica, ia ser muito difícil que as duas brasileiras conseguissem provar a inocência delas diante da justiça alemã.
A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, onde foi feita a troca das etiquetas das bagagens, correu para informar que desde o momento do check-in até a entrada na aeronave, o manuseio das malas é de responsabilidade das empresas aéreas. A concessionária afirma que contribui, quando solicitada, com informações aos órgãos policiais. A nota esclarece também que quando ocorre um incidente, representantes da concessionária se reúnem com as autoridades policiais para discutir melhorias nos protocolos de segurança.
A Latam, companhia pela qual as goianas viajaram, informou que o caso está sendo acompanhado com a máxima prioridade e que tem colaborado com as investigações desde que foi contatada pelas autoridades, prestando também apoio às famílias das passageiras. A Latam garantiu que nenhum dos funcionários envolvidos pertence à companhia, que continuará acompanhando os desdobramentos e que repudia veementemente o ocorrido.
Boa parte desse problema surge com a necessidade, cada vez maior, das empresas e do próprio governo cortarem custos. Muitas vezes o melhor serviço é deixado de lado em troca de um outro que ofereça preços mais atrativos. Só que o barato quase sempre sai caro, principalmente para a imagem institucional de cada um dos envolvidos.
Esse tipo de incidente que vitimou as duas goianas pode ocorrer com qualquer um. Um mínimo deslize com a bagagem e um objeto estranho e comprometedor inserido numa das malas pode estragar uma vida. Todo o cuidado é pouco e seguir algumas orientações, que às vezes parecem banais, é sempre o melhor caminho para se salvar de possíveis encrencas.
Especialistas em segurança aérea recomendam atenção na escolha da mala. Modelos mais seguros, que possuam cadeados embutidos, devem ser os preferidos. Isso impede a mobilidade do zíper e evita que objetos pontiagudos, como um lápis por exemplo, sejam suficientes para permitir a abertura da bagagem.
Outra dica importante, na hora de fazer a bagagem, é evitar colocar objetos importantes, como documentos, na peça que será despachada. Tudo que tem valor deve ficar com o passageiro o tempo todo. Alguns recursos que aos poucos vão se popularizando também ajudam a garantir a segurança da bagagem. Um deles é o envelopamento com plástico. O importante nesse caso é estabelecer, junto com a companhia que oferece o serviço, uma série de lacres que possam garantir que se o pacote for desfeito, seja fácil identificar a alteração. Também tem se popularizado recentemente o uso de rastreadores, como o AirTag, da Apple, colocado dentro das bagagens. Esse equipamento ajuda a ter controle da localização dos itens. O problema é que ainda não há unanimidade entre os técnicos que fazem a segurança aérea se esses equipamentos podem, ou não, influenciar no sistema aeronáutico.
A torcida agora é que o caso das goianas detidas na Alemanha ajude a melhorar o controle de bagagens nos aeroportos. Que as empresas aéreas se conscientizem do risco que um passageiro pode enfrentar diante de um mero descuido e que a segurança, em todos os processos, seja reforçada. Só assim o sonho de uma vida não correrá risco de virar um grande pesadelo.