O setor industrial pede passagem

É com o espírito de otimismo que milhares de empresários vão tirar uma parte do dia de hoje para comemorar os números mais recentes da indústria

Por Cruzeiro do Sul

Se essas previsões estiverem certas, o Brasil tem muito a beneficiar-se nos próximos anos

Hoje, 25 de maio, comemora-se o Dia da Indústria. O setor vem lutando para modernizar-se e conquistar a competitividade necessária para enfrentar os produtos feitos em outros países. A política econômica brasileira, formada por milhares de regras tributárias, é um dos fatores que atrapalham o desenvolvimento do setor. A legislação trabalhista, tão complexa quanto a tributária, também acaba tirando o sono de muitos empresários que escolheram o Brasil para investir.

Apesar de todos esses obstáculos e de algumas incertezas na condução da política econômica, a produção industrial está conseguindo manter um desempenho razoável nesse início de 2023. Das 15 localidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de fevereiro para março, 11 registraram algum tipo de crescimento.

De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional, divulgada no dia 19, as maiores altas foram registradas no Mato Grosso (9,3%), Amazonas (8,7%) e Pernambuco (8,1%).

Se considerarmos o peso dos estados para a economia como um todo, o melhor resultado foi apurado no Rio Grande do Sul. Os gaúchos registraram um avanço de 5,6% e contribuíram, sozinhos, para a expansão nacional de 1,1%.

Essa recuperação chegou depois de dois meses com índices negativos. Alguns setores que estavam patinando, em março, apresentaram boa recuperação. Entre eles estão os de produção de veículos automotores e os de derivados do petróleo que garantiram um bom desempenho para a indústria gaúcha.

Também foram detectadas altas de fevereiro para março nos Estados da Bahia (5,6%), Pará (4,3%), Ceará (4%), Minas Gerais (1,5%), Rio de Janeiro (0,7%) e São Paulo (0,2%).

No acumulado de 12 meses, entretanto, apenas seis locais tiveram alta, enquanto em outros nove houve registro de queda.

É com o espírito de otimismo que milhares de empresários vão tirar uma parte do dia de hoje para comemorar os números mais recentes da indústria.

A data foi instituída em homenagem ao patrono da atividade no Brasil, Roberto Simonsen, falecido nesse dia, em 1948. A trajetória dele exemplifica a capacidade, força e resiliência do empresariado nacional diante de tantas adversidades e insegurança.

Para a indústria de máquinas e equipamentos, de importância vital no processo de ampliação do setor, a expectativa é de que o Governo anuncie hoje várias medidas de estímulo, principalmente aquelas voltadas para ajudar o setor a reduzir os custos para investimentos, com especial atenção a uma nova política de juros para empréstimos.

“O Brasil só vai voltar a crescer de forma sustentável se tiver investimentos”, explicou o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. “Se o Congresso aprovasse rapidamente o arcabouço fiscal e a reforma tributária, e em seguida entrasse na agenda de redução de custos de capital, seria o céu.”

Para Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústria do Estado de São Paulo (Ciesp), ainda há muito espaço para o crescimento do setor nas próximas décadas. Em um estudo de Macrotendências Mundiais até 2040, feito pela instituição, foram identificados alguns dados importantes.

O PIB mundial deverá ter um aumento de 70%, alcançando a marca de US$ 233 trilhões. Nesse cenário, o Brasil representará 2,2% desse volume. O estudo aponta ainda que, em 2040, a população do planeta deve crescer 18%, chegando a 9,1 bilhões.

Na estratificação social, o número de idosos é que deve registrar um dos maiores crescimentos, cerca de 77%. Pertencerão a essa faixa etária 1,28 bilhão de pessoas. No Brasil, os indivíduos na terceira idade somaram cerca de 17,7% da população.

Para Cervone, esses números indicam maior espaço de crescimento principalmente para as indústrias ligadas à saúde, alimentos, energia, infraestrutura, urbanização, segurança, trabalho e qualificação, entretenimento e turismo.

“Mais do que nunca, a indústria desse amanhã que já se materializa será voltada às pessoas, o que implica atender à governança ambiental, social e corporativa (ESG), promover ganhos de produtividade que proporcionem melhor desempenho, mais empregos e inclusão e agregar tecnologias voltadas ao bem-estar”, disse o presidente do Ciesp.

Se essas previsões estiverem certas, o Brasil tem muito a beneficiar-se nos próximos anos. Temos uma população ainda jovem, com grande capacidade de desenvolvimento intelectual e habilidade suficiente para adaptar-se aos desafios que estão por vir.

Para que esse impulso seja ainda mais rápido é necessário que o Governo mantenha uma linha clara de conduta, permitindo que quem quer investir no país tenha segurança técnica, tributária e jurídica. Só assim teremos mais e mais a comemorar.