Tapete vermelho para a ditadura
Se o Governo Lula estivesse realmente preocupado com os direitos humanos, seu ministro Silvio de Almeida, teria recomendado cautela na recepção de Maduro
Brasília em alerta! Uma aeronave está transportando, em nosso espaço aéreo, um dos mais procurados narcotraficantes do mundo. O aparelho está prestes a pousar no principal aeroporto da capital brasileira. As mais altas autoridades do país foram comunicadas.
Uma correria imensa formou-se para que todos chegassem ao local a tempo de acompanhar a aterrissagem. Assim que o avião para e a porta se abre, uma surpresa: um longo tapete vermelho é estendido para receber o visitante indigesto.
Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, aparece sorridente e começa a descer as escadas. Militares em posição de honra saúdam o visitante. Uma imagem que chocou e ainda choca milhões de brasileiros.
Só que a indignação não parou por aí. Minutos depois, o ditador venezuelano, responsável por tantas perseguições e mortes, estava aos abraços e confidências com o presidente brasileiro. Lula fez questão de transformar essa visita num troféu para si, sem se importar, sequer, com o que pensa o povo sobre essa estranha amizade.
Desde 2020, Maduro é acusado pelos Estados Unidos de cometer terrorismo internacional e por associação criminosa. O Departamento de Estado norte-americano oferece uma recompensa de US$ 15 milhões por sua captura. Sob o comando do ditador, a Venezuela passou a integrar a lista dos países que apoiam o terrorismo juntamente com a Coreia do Norte, o Irã, o Sudão e a Síria.
Segundo a procuradoria de Justiça dos EUA, nos últimos anos a Venezuela enviou ao país cerca de 250 toneladas de cocaína. Investigações conduzidas pelos norte-americanos indicam que Maduro estabeleceu uma parceria “narcoterrorista” entre o governo da Venezuela e integrantes das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Os defensores da ditadura do país vizinho acham as acusações americanas exageradas. O próprio Lula, em seu controverso discurso ao lado de Maduro, disse que isso tudo não passa de uma narrativa construída contra o aliado e que é necessário mudar os rumos dessa narrativa.
Lula só esqueceu que a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já condenou, mais de uma vez, os atos do amigo ditador. A ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, uma das lideranças da esquerda na América do Sul, em seu relatório como alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, denunciou, em alto e bom som, que a ditadura da Venezuela estaria por trás de casos de assassinato, tortura e maus-tratos.
O relatório sobre as violações cometidas pelo regime de Nicolás Maduro foi apresentado em Genebra. Bachelet confirmou que o Alto Comissariado documentou casos de “tortura e maus-tratos, tanto físicos como psicológicos, de pessoas arbitrariamente privadas de sua liberdade, em particular de militares”.
Lula, ao convidar Maduro para vir ao Brasil, não precisaria acreditar nem nos Estados Unidos, nem na ONU. Bastaria ao nosso democrático presidente conversar com os mais de 85 mil venezuelanos expulsos de seu país e abrigados pela Operação Acolhida, do governo brasileiro.
Eles teriam contado para o nosso presidente quem na verdade é Nicolás Maduro e a vida de privações e perseguições que enfrentavam por lá. A fome produzida pela ditadura dizimou famílias, provocou separações e mortes. Mas a ideologia professada por Lula prefere defender homens como Maduro, Ortega, Fidel e tantos outros sanguinários ditadores que mancharam e ainda mancham a História da Humanidade.
Lula, se realmente se preocupasse com os direitos humanos, teria pedido a Maduro, em seu longo discurso, que uma comissão independente tivesse acesso aos muitos presos políticos mantidos em cárcere pelo governo venezuelano.
Só que essa atitude seria muito nobre para um presidente que sequer se interessou em visitar os nossos próprios presos políticos aprisionados, desde janeiro, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Eles estão ali, a poucos quilômetros da residência oficial do presidente e são solenemente ignorados.
Se o Governo Lula estivesse realmente preocupado com os direitos humanos, seu ministro Silvio de Almeida teria recomendado cautela na recepção de Maduro. Só que o ministro não se preocupa realmente com gente. Sua maior missão na administração pública parece ser lutar pela liberação das drogas. Tema que o aproxima muito do ditador venezuelano.
Atônita, a população brasileira é obrigada a assistir, em seu próprio país, o presidente da República derretendo-se em falas e acenos para um dos mais famigerados ditadores da era moderna. A passagem de Maduro pelo Brasil vai provocar cicatrizes irreparáveis em nosso tecido social.
A pergunta que mais se ouve é: Que tipo de democracia queremos? E a resposta, com certeza, não é a pregada nem por Lula, nem por Maduro, nem por Ortega, nem a dos ensinamentos de Fidel Castro.