A evolução que está por vir

O Brasil está contribuindo, há décadas, para conter o aquecimento global

Por Cruzeiro do Sul

Transição para uma energia mais limpa e renovável já começou, mas tem sido mais lenta do que se esperava

Pesquisadores e cientistas, do mundo todo, buscam alternativas mais sustentáveis para o uso diário da sociedade. O risco de o planeta enfrentar os perigos das mudanças climáticas está cada vez maior. Ano a ano, a ameaça do aquecimento global se torna cada vez mais presente em nossas vidas.

Nesse processo todo, o uso de combustíveis fósseis acaba sendo o grande vilão. Altamente poluidores, eles precisam ser substituídos, rapidamente, para garantir a preservação não só da espécie humana, mas também de toda a fauna e flora que habita a Terra.

A missão não é nada fácil. O uso de combustíveis fósseis é vital para inúmeras atividades industriais, para o aquecimento dos lares e para o transporte de pessoas e de cargas. A transição para uma energia mais limpa e renovável já começou, mas tem sido mais lenta do que se esperava.

O Brasil é o centro de muitas dessas experiências. Desde a década de 1970, o País se notabilizou por tomar à frente desse tipo de pesquisa. O ponto alto dessa iniciativa foi o desenvolvimento de motores movidos a álcool, bem menos poluidores que os movidos a diesel e gasolina. A evolução não veio por acaso. O País sofria os efeitos da crise mundial do petróleo. Os preços internacionais do óleo bruto estavam nas alturas e isso impactava bastante a economia brasileira. O governo da época procurou, então, incentivar o uso dessa tecnologia desenvolvida por nossos cientistas. Desde 1976, a utilização do carro a álcool só avançou. O sucesso foi tanto que as montadoras acabaram se adaptando ao processo até o desenvolvimento, em 2003, de motores híbridos, capazes de rodar tanto com gasolina quanto com álcool.

Essa experiência, por si só, garantiu ao Brasil uma posição de destaque frente às nações mais poluidoras. A produção de energia com o uso de hidrelétricas também foi um fator positivo na comparação com países que precisaram garantir seu desenvolvimento utilizando carvão e urânio enriquecido.

A vanguarda em pesquisas que melhorem o desempenho de máquinas e equipamentos sem o uso de fontes de energia poluidoras não parou por aí. Um cientista brasileiro, Eduardo David, tem se destacado mundialmente na área dos supercondutores. A pesquisa dele, iniciada em 2007, resultou no desenvolvimento do trem de levitação magnética supercondutora, uma tecnologia ainda experimental no País, mas que já começou a ser utilizada em nações asiáticas.

Em março deste ano, David recebeu a carta-patente do Truque Híbrido Ferroviário e de Levitação Magnética, que permite um trem sair de uma estação ferroviária tradicional, elevar-se em rampa de 7,5% até uma via elevada coberta de painéis solares e levitar até outra estação, mesmo que seja de bitola diferente. Na fase de levitação o trem pode atingir 200 km/h, velocidade muito superior à dos trens convencionais. Além disse, o sistema opera com baixo consumo energético e provoca pouca poluição.

Esse projeto inovador vai poder ser conhecido, na terça-feira, 5, no Parque Tecnológico de Sorocaba. A ideia é que um sistema de transporte utilizando esse método seja implantado, no futuro, na Região Metropolitana de Sorocaba. Os governos municipais, mesmo unidos, não teriam condição de arcar sozinhos com esse modelo revolucionário. Para que a iniciativa dê certo será vital a participação da iniciativa privada.

A existência de um projeto como esse já é um grande avanço. Mostra que a tecnologia menos poluidora existe. Só é necessário fazer com que o custo dela caiba no bolso dos poderes públicos e da própria população. É uma questão de tempo para que essa equação seja resolvida.

Além desse projeto, a Embraer, representada pela startup Eve, participa do desenvolvimento de um dos primeiros carros voadores do planeta. Ainda em fase de estudos, essa aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, já recebeu milhares de encomendas do mundo todo. A empresa planeja finalizar a montagem de seu protótipo em escala real ainda este ano. Já os primeiros testes ficariam para 2024. A ideia é que as primeiras unidades sejam entregues para os compradores em 2026.

Esse é outro grande mercado tecnológico que o Brasil se posiciona bem. A expectativa é que, até 2035, 23 mil carros voadores, de diversas empresas, cruzem os céus das grandes cidades. Para que isso se torne realidade, além do desenvolvimento nos campos de testes, vai ser necessário criar legislações que organizem a circulação desses carros voadores.

O Brasil está contribuindo, há décadas, para conter o aquecimento global. Nossa importância nesse campo é muito maior do que a simples preservação da Amazônia. Estamos na vanguarda da sustentabilidade. Só falta um pouco mais de incentivo para que todas essas ideias floresçam e produzam frutos.