A importância dos nossos monumentos
Um levantamento feito pelo IHGGS mostrou que dos 33 principais monumentos da cidade 23 teriam sido alvos de furto ou de vandalismo
Milhares de pessoas, todos os anos, chegam a Copenhague, na Dinamarca, só para ver de perto a estátua da Pequena Sereia.
O monumento, de pouco mais de setenta centímetros, representa a personagem principal de um dos mais famosos contos infantis do escritor Hans Christian Andersen.
A estátua está lá desde 1913; e o objetivo do escultor foi homenagear o escritor.
Descendo um pouco, mais para o centro da Europa, chegamos a Bruxelas.
Lá, a principal atração está bem perto da Grand Place.
No escaninho de uma das esquinas próximas à praça, está a estátua do Manneken Pis, na tradução livre, o menino que faz xixi.
O monumento, de cerca de cinquenta centímetros, foi criado em 1388 e é um dos símbolos mais representativos e queridos da capital da Bélgica.
Devido à importância histórica da estátua, em muitas ocasiões, exércitos invasores tentaram roubá-la, mas foi um ex-presidiário o único que conseguiu o feito.
Indignada, a população fez, em 1619, uma réplica da fonte que está no local, bem vigiada, até hoje.
Conta a lenda que Bruxelas havia sido tomada por um incêndio de enormes proporções e foi a coragem do menininho, com seu xixi potente, que conseguiu controlar as chamas e salvar a cidade.
Lendas à parte, as estátuas e monumentos servem para contar um pouco da história de um povo.
Artistas famosos deixaram suas marcas expostas na rua. Personalidades que marcaram época são imortalizadas ali. Pena que nem toda comunidade entenda a importância dessas verdadeiras obras de arte.
Aqui, no Brasil, os ataques aos monumentos são constantes. A estátua do Borba Gato, em São Paulo, vira e mexe, é atacada por vândalos.
O mesmo ocorre com a que homenageia o poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade, na orla do Rio de Janeiro. Um verdadeiro desrespeito.
Em Sorocaba, infelizmente, temos vivido situação semelhante. A cidade está cheia de monumentos históricos que acabam alvos de verdadeiros criminosos.
São frequentes os roubos e depredações. Um levantamento feito pelo Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), e divulgado no domingo pelo jornal Cruzeiro do Sul, mostrou que dos 33 principais monumentos da cidade 23 teriam sido alvos de furto ou de vandalismo.
Apenas dez foram considerados em bom estado de conservação. Mesmo esses precisam de um bom cuidado de limpeza e manutenção por parte do poder público.
A estátua de Baltazar Fernandes, no Largo de São Bento, teve três de seus quatro brasões furtados.
Na praça Coronel Fernando Prestes, o monumento de Joaquim Marques Ferreira Braga, o Dr. Braguinha, também estava sem o brasão e a placa.
Na praça Arthur Fajardo (do Canhão), criminosos tentaram levar a placa do monumento a Brigadeiro Tobias. Não conseguiram, mas danificaram o monumento.
O estrago não para por aí. Alguns monumentos foram pichados e danificados. Esse é o caso, por exemplo, da Fonte Luminosa, da praça Dr. Ferreira Braga, no Largo do Rosário, também no coração da cidade.
Muitas vezes essas peças, a maioria feita de metais nobres, são furtadas por viciados em drogas e ladrões que precisam fazer dinheiro rápido.
Sem nenhuma noção de cidadania, destroem o patrimônio de toda a comunidade. Quando um desses contraventores é preso em flagrante, a cidade inteira comemora.
Foi o que aconteceu no dia 14 de setembro quando um desses criminosos tentou atacar, mais uma vez, a estátua de nosso fundador.
Abordado pela Guarda Civil Municipal, acabou detido pelo menos por algumas horas. Nas redes sociais, a comemoração foi grande diante da indignação que esse tipo de malfeito causa.
A Prefeitura de Sorocaba garantiu que está providenciando a reposição de todos os objetos furtados dos monumentos.
Disse também que, em conjunto com as forças policiais, pretende tomar uma série de medidas de prevenção para impedir novos danos.
A torcida é grande para que essas providências sejam tomadas urgentemente. A cidade tem de saber manter sua história e ter orgulho de seus monumentos.
Cabe também à população ajudar nessa empreitada, denunciando os vândalos e as tentativas de ataque. Só a união de todos os esforços vai permitir que a cidade fique mais bonita e preservada.