Uma nova realidade
Sorocaba tem muito o que se preparar nos próximos meses e anos para evitar que o caos vivido esse fim de semana se repita
Qualquer pessoa, quando pensa em comprar ou construir uma casa, define parâmetros adequados para que seja possível levar uma vida de qualidade.
Uma família grande, ao adquirir um imóvel, vai procurar um número maior de quartos, de banheiros, uma área construída maior.
Já uma pessoa solteira não precisa se importar tanto com isso. Um pequeno estúdio pode bastar.
Só que, quando a realidade muda, são necessárias adaptações e nem sempre isso é possível. Aí surgem os gargalos e os problemas.
O mesmo acontece com as cidades. O poder público faz um planejamento baseado em dados históricos, prevê, quase sempre, uma margem de segurança e executa a obra.
Só que, em algumas ocasiões, a natureza prega uma peça e o caos se instala. No caso das cidades cortadas por muitos rios e córregos, o problema é ainda maior. O excesso de chuva pode provocar inundações, destruição de imóveis e até mortes.
Foi o que ocorreu na noite de sexta para sábado em Sorocaba. A tempestade veio forte e o volume de água superou, e muito, o previsto pelo sistema de alertas do Estado. O resultado foi terrível, causando sérios prejuízos materiais e a morte de uma senhora.
O rio Sorocaba e o córrego que corre paralelamente à avenida Barão de Tatuí foram as regiões mais afetadas. Carros foram engolidos pela água, casas acabaram inundadas, muros caíram e nem o hospital do Gpaci e a igreja de João de Camargo escaparam da força das águas.
Logo que o sábado amanheceu, os estragos estavam ali para quem quisesse ver. Bastava circular um pouco pela cidade para ver a destruição provocada pela chuva. Ruas e avenidas ficaram interditadas por dezenas de horas e o trabalho de reconstrução de tudo que foi perdido vai levar dias.
Imediatamente, uma onda de solidariedade tomou conta da população. Centenas de pessoas deixaram o conforto do lar para ajudar quem havia perdido tudo, ou quase tudo, com o temporal.
Nas redes sociais, eram vários os relatos de pessoas pedindo contribuições para uma ou outra família. As doações logo começaram a surgir de todos os cantos.
Depois da prefeitura, o governo do Estado foi um dos primeiros a se mobilizar. No final da tarde de sábado, a primeira parte da ajuda humanitária prometida pelo governador Tarcísio de Freitas começou a ser enviada pela cidade. Cestas básicas, kits de higiene e de primeiras necessidades foram os artigos prioritários.
No hospital do Gpaci, várias pessoas reuniram-se em mutirão para ajudar na limpeza e na recuperação do que foi atingido pela enchente.
O deputado estadual Vitão do Cachorrão foi um dos primeiros que se deslocou para lá. Imediatamente, ele tomou pé da situação e comunicou-se com o governador. Numa ligação por vídeo, mostrou os estragos e colocou Tarcísio em contato direto com os administradores do hospital, garantindo parte da ajuda necessária para recuperação do que foi destruído.
Pessoas anônimas também deram suas contribuições pelos canais autorizados pela instituição. Houve uma enorme preocupação para que golpistas não se aproveitassem da situação para auferir ganhos irregulares. Tudo foi feito com a máxima transparência e divulgação.
A primeira onda de solidariedade foi importante para contornar os problemas iniciais e imediatos da instituição. Só que agora vai ser necessária ajuda de peso para que tudo possa voltar a ser como era.
É o momento das multinacionais e dos grandes empresários da cidade arregaçarem as mangas e colocarem-se à disposição. As empresas de Sorocaba, só na área de exportação, fecharam negócios na casa de dois bilhões de dólares.
Nada mais justo que uma irrisória parte desse lucro seja aplicada em colaborar com a recuperação do município e de suas instituições. As matrizes dessas empresas, sediadas muitas vezes no exterior, com certeza não vão se incomodar em participar financeiramente dessa reconstrução.
A importância social e ambiental de projetos como esses melhoram, e muito, a imagem de todos perante a comunidade.
Sorocaba tem muito o que se preparar nos próximos meses e anos para evitar que o caos vivido esse fim de semana se repita.
Em menos de cem dias, enfrentamos dois graves problemas ligados ao excesso de chuva. Outros virão por aí. É hora de aumentar o tamanho da casa para acomodar adequadamente a cidade para a nova realidade.