Um ponto a considerar
Em qualquer busca ativa na internet ou até mesmo em livros ou dicionários, você encontrará a definição do que é saneamento básico. Em linhas gerais, o saneamento básico é um conjunto de serviços fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico de uma região, tais como abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Em Sorocaba, conforme dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade tem 723.682 habitantes. Mas, em pleno século 21, chega a surpreender o fato de que ao menos 20.552 sorocabanos não têm rede de esgoto e estão sujeitos a uma série de condições desfavoráveis, que, quase sempre, resultam em doenças.
Contudo, o número torna-se mais assombroso quando consideramos, nessa estatística, que 10.276 pessoas ainda carecem de um direito básico, que é o acesso à água potável. Por fim, balizando os dados apresentados, chegamos ao número de 217 pessoas que não têm banheiro em casa e 5.432 que necessitam do serviço de coleta de lixo.
Esse cenário foi apresentado na edição desta sexta-feira (15) do jornal Cruzeiro do Sul em reportagem feita pelo repórter Vinícius Camargo.
Na reportagem, além de histórias de pessoas que ainda sofrem com pelo menos uma dessas situações desfavoráveis, traz também uma nota da Prefeitura de Sorocaba e do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) para justificar os números.
Pelo teor da nota, que pode ser conferida na íntegra na notícia, que foi manchete de capa do jornal Cruzeiro do Sul, o Saae e a Prefeitura informam que mantêm um cronograma contínuo de investimentos para garantir os índices de excelência na oferta de saneamento básico à população nas próximas décadas.
Ressaltam, entretanto, que, em algumas localidades do município, não há sistemas de esgoto ou água por conta de construções irregulares.
Bem, nesse ponto, então, expõe-se mais um problema: a questão da habitação e regularização fundiária.
É indubitável e essencial que o governo desenvolva ações que melhorem as condições de vida dos sorocabanos que, de uma forma ou outra, habitam a cidade.
Alguém pode levantar a tese de que o número é baixo, mas para que uma cidade alcance a excelência, buscada pelo governo, é pertinente que essas questões básicas também ocupem as pautas de discussões das secretarias municipais.
Não há aqui críticas a este ou àquele, apenas a constatação de matizes que precisam ser alcançadas para que Sorocaba possa caminhar a passos largos dentro do desejo do prefeito Rodrigo Manga, quando diz que Sorocaba será a melhor cidade do Brasil para se viver.
Voltando aos números, a reportagem traz, também, dados do Censo com informações por domicílios, e eles não são muito diferentes. Do total de 261.545 casas, 254.431 contam com esgotamento sanitário, porém, outras 7.114 não possuem o serviço.
Dentro desse universo, 257.970 estão conectadas à rede geral de água, mas 3.575 não são abastecidas pelo sistema. Com relação a banheiro, o Censo informa que 261.425 têm a unidade em casa, porém, 120 não têm.
Isso acontece, também, com a coleta de lixo, para a qual 261.097 recebem o serviço, mas, por enquanto, 448 não são contempladas por esse serviço público.
De acordo com Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, a falta de saneamento básico prejudica, principalmente, a saúde da população. Ela lembra que o problema pode causar dengue, esquistossomose (infecção por vermes), leptospirose (infecção humana transmitida pela urina de animais infectados) e diarreia, dentre outras doenças, que, em casos mais graves, podem resultar em morte.
Sabe-se que uma cidade com mais de 700 mil habitantes, sede de uma região metropolitana, e em franco crescimento, os problemas são muitos para a administração pública. É sabido, entretanto, que muitas coisas também têm sido feitas, porém, é preciso condicionar soluções para questões tão básicas como as relacionadas ao saneamento básico.