Sempre é bom agir contra as drogas
Orienta o livro de Provérbios que é necessário ensinar bons hábitos ao jovem, em início de caminhada, para que ele, ao envelhecer, não se esqueça do que aprendeu. Sem dúvida é um sábio conselho. Com esse pensamento, o diálogo entre pais e filhos sempre foi além de necessário. “Educação (no sentido amplo da palavra) vem do berço” é muito mais do que um ditado popular. Gerações cresceram ouvindo essa sentença.
É certo, porém, que hoje uma boa conversa em família é uma tarefa um tanto quanto difícil. E a culpa é da falta de tempo dos pais e de paciência do filhos. O bate-papo sadio, com aquele pedido de conselho ou a transferência de conhecimento espontâneo já ficou fora de moda.
Assim, jovens passaram a buscar “conselheiros” em outras fontes na rua e nem sempre com o melhor amigo. E as influências passaram a representar um sinal de perigo para o futuro da juventude.
Publicação da Universidade de São Paulo (USP) sobre o tema afirma que o consumo de substâncias psicoativas, como as contidas no tabaco, álcool e outras drogas alteradoras de consciência, pode provocar problemas no desenvolvimento dos jovens e causar transtornos que os seguirão pelo resto da vida. Durante a adolescência ocorrem mudanças biológicas muito importantes. Alguns sistemas, como o inibitório (habilidade para inibir ou controlar respostas impulsivas e criar réplicas usando a atenção e o raciocínio), não estão amadurecidos, favorecendo o descontrole de determinadas atitudes do indivíduo. Outras regiões do cérebro humano também ainda não estão maduras durante a adolescência, como a que afeta as tomadas de decisões e a capacidade de avaliar riscos. Isso faz com que o adolescente se torne mais vulnerável a situações arriscadas, como o consumo de drogas, a prática de esportes radicais e sexo sem proteção.
Dessa forma, a escola — criada com a função básica de garantir a aprendizagem de conhecimento, habilidades e valores necessários à socialização do indivíduo — passou a ser um porto seguro para o jovem buscar conselhos para as suas dúvidas existenciais e para autoafirmação.
Um ambiente repleto de jovens com mil coisas na cabeça e em busca de quem possa ouví-los, passou a ser o local perfeito para bons ensinamentos além dos números, da escrita, da ciência, e das artes. Assim, a instituição polícia chegou à escola para ficar perto dos jovens e, dessa forma, levar bons conselhos. A Polícia Federal de Sorocaba, por exemplo, trouxe à cidade o programa TAMOJUNTO 2.0 de prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas, realizado em escolas públicas, voltado para adolescentes na faixa etária de 11 e 14 anos, com base em uma iniciativa européia de prevenção escolar ao uso de drogas denominado Unplugged (desconectado), que foi inicialmente adaptado para o contexto brasileiro pelo Ministério da Saúde, em 2013, em parceria com o escritório brasileiro das Nações Unidas para Drogas e Crimes.
Usando linguagem própria, a ferramenta é poderosa para atingir a proposta preventiva e de enfrentamento às práticas que favorecem a criminalidade e a ambição destrutiva do tráfico.
Aliás, drogas e juventude são assuntos que preocupam a sociedade há tempo. Para suprir essa demanda, foi criado em 1992, no Rio de Janeiro, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), executado pela Polícia Militar. O modelo, que teve origem nos Estados Unidos, em 1983, é desenvolvido em mais de 58 países. Estudantes das redes pública e particular são os alvos do programa, que tem como lema Manter Nossas Crianças Longe das Drogas.
A maioria deve concordar que programas e ações de prevenção do uso de drogas, de um modo geral, é fundamental para mostrar o reais riscos e perigos causados por elas. Seja por meio do Proerd, do TAMOJUNTO 2.0 ou qualquer outro programa com o mesmo propósito, levar formas de prevenção às drogas lícitas ou ilícitas às escolas é uma excelente iniciativa de sensibilização em um ambiente próprio e repleto de pessoas ávidas por bons caminhos.