Do desastre climático no Rio Grande do Sul à solidariedade do sorocabano
O Rio Grande do Sul vive um dos maiores desastres climáticos de sua história. As fortes chuvas, que já duram dias, causaram mortes, deixaram cidades debaixo d’água e ameaçam o rompimento de barragens.
São irmãos brasileiros experimentando dias tristes, de perdas (inclusive de muitas vidas) e incertezas. Natural que forças da sociedade, de forma abrangente, unam-se para fornecer todo e qualquer tipo de ajuda. Do resgate de vidas, feitas pelos especialistas da Defesa Civil e de forças de segurança de diversos Estados brasileiros, ao envio de suprimentos para possibilitar, assim que possível, a retomada do cotidiano.
O governo paulista apoia as operações de resgate à população gaúcha. Uma equipe de salvamento aéreo da Polícia Militar a bordo do helicóptero Águia 12 está no Rio Grande do Sul desde quarta-feira (1º) para auxiliar as bases locais. Uma equipe da Defesa Civil de São Paulo também foi enviada.
Sorocaba e as demais 26 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), como sempre, estão empenhadas em arrecadar donativos para o envio às cidades atingidas do Rio Grande do Sul.
Hoje (5) em Sorocaba, o Fundo Social de Solidariedade (FSS) promove, das 8h às 13h, no estacionamento frontal do Paço Municipal, o megadrive-thru em solidariedade ao Rio Grande do Sul. A proposta é arrecadar alimentos não perecíveis e cestas básicas para serem destinados às vítimas das enchentes e deslizamentos do Estado sulista. Além de alimentos, também podem ser entregues colchões, água mineral e produtos de limpeza.
E, por qual motivo está chovendo tanto no Rio Grande do Sul? Em entrevista à TV Brasil, o meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, disse que o fenômeno é resultado da junção de diversos fatores. Segundo ele, a onda de calor localizada na região central do Brasil com alta pressão atmosférica leva à formação de ar seco e quente, que acaba por bloquear a passagem das frentes frias para o norte do País.
“Essas frentes frias vêm da Argentina, chegam rapidamente à região sul e não conseguem avançar. Temos uma sucessão de frentes (frias) que se tornaram estacionárias e estão mantendo as chuvas durante vários dias”, explicou o especialista.
Marcelo Seluchi não descarta ainda que as chuvas sejam reflexo do El Niño, que está em etapa final, e de forma indireta das mudanças climáticas, já que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo vapor adicional para formação das chuvas.
Conforme as previsões meteorológicas, os temporais podem perdurar, em razão de um fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico, chamado sistema de bloqueio, que influencia no Brasil. Trata-se de uma situação atmosférica que fica estagnada e persiste por dias.
“Esta situação (chuvas), infelizmente, deve se manter, com poucas mudanças, com volumes muito elevados ainda, até superiores a 250 milímetros, especialmente na porção centro-norte do Estado”, disse Seluchi.
De acordo com a previsão, neste domingo (5), as chuvas devem continuar, mas já começam a perder força. As frentes devem oscilar, podendo ir mais ao sul do continente, para o Uruguai, ou subir para Santa Catarina. A partir daí, as chuvas devem ser menos volumosas e com período maior sem chuva.
O processo para absorção do volume de água também levará dias. “Toda a água que já caiu no Estado vai ser drenada, o que vai levar vários dias para se normalizar”, observou Marcelo Seluchi. De acordo ele, o cenário pode ser considerado inédito para o Estado e um dos maiores desastres no País.
Os volumes de chuva, diz o especialista, já foram registrados em outras partes do Brasil, porém não com tanta abrangência territorial. “Esses volumes não são inéditos, mas a abrangência espacial da chuva talvez aseja inédita”, alertou.