O hábito da leitura

Por Cruzeiro do Sul

No Brasil, existem cerca de 100 milhões de leitores, que compõem 52% da população, mostra a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em setembro de 2020, com dados de 2019. Esses leitores são, em números absolutos, não estudantes (61,2 milhões), da classe C, D e E (70 milhões) e de renda familiar entre um e cinco salários mínimos (76,3 milhões).

E, por qual motivo esses dados são importantes? A prática de leitura é um hábito que estimula a mente e a criatividade, melhora o vocabulário, aprimora a capacidade interpretativa, além de proporcionar ao leitor um conhecimento amplo e diversificado sobre vários assuntos. Ler desenvolve a criatividade, a imaginação, a comunicação, o senso crítico, e amplia a habilidade na escrita.

A pesquisa mostra que os números podem parecer bons, mas, na realidade, o Brasil vem perdendo a cada ano um número expressivo de leitores, em comparação com a média dos outros países. Os canadenses leem 4 vezes mais livros por ano que os brasileiros.

A falta de estímulo, de estrutura, fatores sociais e políticos podem ser algumas das causas de desestímulo ao leitor brasileiro. Outro fator que pode ser analisado é a concorrência, pois a escolha de ler um livro pode bater de frente com o consumo de outras mídias, como assistir televisão e filmes, usar a internet, enviar mensagens no WhatsApp e ouvir música.

E em Sorocaba, qual a realidade sobre o hábito da leitura? Uma pesquisa inédita da Associação Comercial de Sorocaba e Distrital Votorantim (Acso), feita pela Athon Ensino Superior, no período de 2 a 14 de maio de 2024, aponta que 25,4% das pessoas residentes no município, que possuem o Ensino Médio, leem, no máximo, dois livros por ano. Foram entrevistados 194 munícipes, com idades superiores a 15 anos.

De acordo com os dados obtidos, 61,8% dos entrevistados, com idades superiores a 30 anos, leem, em média, 3,8 livros por ano; 28,4%, com idades até 30 anos, leem até 2 livros por ano, e 9,8% não possuem o hábito de leitura. Verificou-se, ainda, que, quanto maior o nível de escolaridade, maior é o porcentual de leitores, ou seja, 90,5% dos universitários e pós-graduados entrevistados leem, em média, mais de 5 livros por ano.

Questionou-se aos entrevistados sorocabanos qual formato de livros são preferidos à leitura: 70,3% preferem o livro físico e 29,7%, o digital. Quando indagados sobre os locais onde obtêm seus livros, a maioria (70,3%) disse que compra pela Internet, enquanto 43,2% preferem as livrarias físicas. Para 24,2% dos entrevistados, a aquisição foi por meio de livros presenteados. O valor médio gasto por livro é de R$ 65.

Dos entrevistados, 33,3% disseram ter o costume de presentear com livros; 52,4% presenteiam esporadicamente e 14,3% nunca presentearam alguém com um exemplar. A análise aponta que diversos fatores afastam, cada vez mais, os brasileiros do hábito da leitura, sendo um dos mais citados a concorrência com as outras mídias, como WhatsApp, por exemplo, ou a assistir séries nas plataformas de streaming.

A valorização dos escritores brasileiros é um tópico que merece ser analisado. Costumamos ouvir que a cultura estrangeira é bem prestigiada por aqui. A notícia boa é que o contrário também é verdade.

O livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, está em primeiro lugar nas vendas da Amazon de literatura latino-americana e caribenha. O livro saiu pela editora Penguin Classics com tradução de Flora Thomson-DeVaux. O primeiro lugar no ranking de vendas veio depois de posts que viralizaram nas redes sociais após uma resenha positiva da influenciadora americana Courtney Henning Novak. “Eu absolutamente amei Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Seriamente, este é provavelmente meu novo livro favorito. Eu vou definitivamente ler mais livros desse autor e mais literatura brasileira”.