Futuro do Brasil está nas mãos da geração nem-nem
Um dito popular afirma que “papel aceita tudo!”. A frase, muito utilizada para explicar quando alguém lê algo sobre o que não acredita. No Brasil, muitos se expressam dessa maneira a cada anúncio governamental. O plano de governo do presidente Lula está documentado em papel. Especificamente sobre os jovens, um dos trechos diz “viabilizar novas e mais oportunidades para a juventude, com acesso à educação e à cultura, promoção, qualificação e geração de empregos de qualidade”. Muito lindo, quando se lê! E na prática, como está a política voltada aos jovens quase 18 meses após o início desse governo?
Levantamento oficial, feito pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que aumentou o número de jovens, entre 14 e 24 anos, que não trabalham, não estudam nem buscam trabalho. Se nos três primeiros meses do ano passado o contingente de jovens “nem-nem” somava 4 milhões de pessoas, no mesmo período deste ano alcançou 5,4 milhões. Triste realidade.
Um recorte do estudo aponta que o crescimento se deve a vários fatores e atinge, principalmente, as mulheres, que representam 60% do total desse público. “Há muita dificuldade de as mulheres entrarem no mercado de trabalho, em especial, mulheres jovens. Por outro lado, há esse apelo para que as jovens busquem alguma outra forma de ajudar a sociedade, que é ter filhos mais jovens, além de um certo conservadorismo entre os jovens que acham que só o marido trabalhando seria suficiente”, disse a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner.
Na verdade, o que falta é governar o País de verdade. O governo Lula, inclusive, criou o Ministério das Mulheres justamente para criar e desenvolver políticas exclusivas às mulheres. Então, presume-se que tudo estava bem administrado. Não é bem verdade essa percepção.
O problema é que o governo gasta energia demais para dar o peixe e não se importa em ensinar a pescar. Veja isso: para tentar diminuir o universo de jovens que deixam o ensino médio, o governo federal lançou, recentemente, o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivo financeiro para jovens de baixa renda permanecerem matriculados e concluírem essa etapa do ensino. Até mesmo Paula Montagner acredita que os efeitos desse programa entre os jovens só poderão ser sentidos nos próximos anos.
O que se espera é política de incentivo a quem gera emprego e renda no País, mas o que se vê é a criação de dificuldades econômicas e de formas de criar novas taxações.
O governo precisa se atentar para o fato de que cerca de 17% da população brasileira é formada por jovens entre 14 e 24 anos, que somam 34 milhões de pessoas. Desse total, 14 milhões de jovens tinham uma ocupação no primeiro trimestre deste ano. Vinte milhões não. Já os jovens que só estudam somam 11,6 milhões de pessoas.
Dentre os jovens ocupados, 45% estavam na informalidade, o que corresponde a 6,3 milhões de indivíduos. Ou seja, sem direitos trabalhistas e previdenciários garantidos.
O levantamento também apontou que houve, recentemente, um crescimento no número de aprendizes e de estagiários no Brasil. No caso dos aprendizes, só entre os anos de 2022 e 2024, houve um acréscimo de 100 mil jovens que passaram para a condição de aprendizado. Em abril deste ano, eles já somavam 602 mil, o dobro do que havia em 2011. Já em relação aos estágios, o crescimento foi 37% entre 2023 e 2024, passando de 642 mil adolescentes e jovens nessa condição para 877 mil neste ano.
Aí há uma situação que, também, deve receber atenção, pois há empregadores que buscam a contratação de aprendizes e/ou estagiários para desenvolver funções que nada tem haver com os cursos que frequentam. Em abril deste ano, a Fiscalização do Ministério do Trabalho em Sorocaba flagrou estagiários em condições irregulares trabalhando em mercados de Sorocaba.
Entre os problemas, as equipes identificaram estagiários em funções irregulares e com salário abaixo do que determina a lei.
A empregabilidade jovem é um desafio urgente para o Brasil. É nítido que a juventude não tem oportunidades e está desesperançosa. Olhar para essa geração é de vital importância, principalmente quando se pensa no País que teremos amanhã.