E as nossas universidades públicas?

Por Cruzeiro do Sul

O que está acontecendo com as nossas universidades públicas? É certo que as últimas notícias não são assim tão boas! Segundo informações divulgadas na quinta-feira (6) pelo Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), professores de 62 instituições de ensino superior, dentre essas 55 universidades, 5 institutos e 2 centros federais de educação, seguem em greve. A paralisação começou em abril, motivada por melhorias na política das carreiras, reparação salarial e recomposição orçamentária para melhores condições de trabalho e funcionamento das instituições federais de ensino.

E para piorar a questão do ensino público federal, os servidores técnico-administrativos em educação, responsáveis por planejar, organizar, executar ou avaliar as atividades inerentes ao apoio ao ensino, bem como pesquisa e extensão nas instituições federais de ensino, estão em greve há mais de 90 dias.

O que chama a atenção neste caso é o fato de uma greve longa em uma área importante do governo federal, administrada pelo Partido dos Trabalhadores. É um sinal de que há alguma coisa estranha no ar, principalmente pela falta de um empenho em resolver a demanda.

É verdade que houve uma tentativa de acordo, mas é fato que a greve continua e as consequências acadêmicas são incalculáveis, assim como a política.

Em discursos recentes, Lula disse que iria ampliar o número de universidades federais, enquanto reitores das já existentes cobram mais recursos. É preciso cuidar do que se tem primeiro, antes de pensar em expandir um sistema já deficiente.

Outra notícia que não repercutiu bem foi a de que a Universidade de São Paulo (USP) deixou de ser a melhor da América Latina e passou para o segundo lugar na edição de 2025 do ranking da Quacquarelli Symonds (QS), especialista global em educação superior, que avalia as instituições de ensino do mundo mais consultadas, a empregabilidade e o desempenho da sustentabilidade das universidades.

A USP foi ultrapassada pela Universidad de Buenos Aires (UBA), da Argentina, a qual havia desbancado na edição do ano passado. Mesmo assim, a USP está entre as 100 melhores do mundo em quatro das nove métricas da QS: reputação acadêmica; reputação do empregador; resultados de emprego; e sustentabilidade. A USP ficou em 92º lugar na classificação global.

A pesquisa da Quacquarelli Symonds (QS) identificou que os alunos brasileiros estão entre os grupos menos diversificados da América Latina e que o País parece ter dificuldades para atrair talentos estrangeiros, especialmente estudantes. O vice-presidente sênior da QS afirmou que a maneira mais clara de o Brasil elevar suas universidades é aprimorar o setor de pesquisa, que “enfrenta os mesmos desafios que a América Latina em geral: financiamento insuficiente, especialização limitada e falta de diversidade de pessoal, entre outros.

O ranking mundial deste ano apresenta 1.500 universidades em 106 sistemas de ensino superior. Os Estados Unidos são o país mais representado, com 197 instituições classificadas, seguidos por Reino Unido, com 90, e pela China, com 71. Já o Brasil abriga 35 universidades classificadas. Globalmente, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) comemora treze anos consecutivos no topo da classificação. O Imperial College London ocupa o segundo lugar. A Universidade de Oxford e a Universidade de Harvard permanecem em 3º e 4º lugar, respectivamente, enquanto a Universidade de Cambridge completa os cinco primeiros.

Além do Reino Unido e dos Estados Unidos, Suíça e Cingapura são os únicos países a aparecer entre os dez primeiros, com o Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH Zurich) e a Universidade Nacional de Cingapura (NUS) em sétimo e oitavo lugares, respectivamente.

Aqui em São Paulo, no início de maio, a USP, Unicamp e Unesp reagiram negativamente a uma lei encaminhada à Alesp, por Tarcísio de Freitas, que previa diminuir o orçamento das instituições para 2025. O governador desistiu da ideia.

Tanto no âmbito federal quanto no estadual, a questão é garantir investimentos. Se a intenção é oferecer um ensino público superior de qualidade, que produza bons profissionais para ocupar funções no Brasil, precisa de dinheiro. Se for o contrário, é só continuar como está.