O inverno ‘quente’ e o fogo em vegetação

Por Cruzeiro do Sul

O inverno brasileiro começa hoje, às 17h51, e se estenderá até às 9h43 de setembro de 2024. Durante três meses, os dias mais gelados, próprios da estação, devem oscilar com períodos de calor. Segundo previsão da Defesa Civil estadual, a expectativa é de que em Sorocaba e região aconteçam oito ciclos curtos de frio, de três a quatro dias.

O meteorologista Vitor Takao avisa: “A expectativa é de que a gente tenha mais dias frios do que o último inverno. Mas, ainda sim, os dias quentes vão predominar mais. Em alguns dias a temperatura mínima pode chegar a 10ºC na região de Sorocaba, mas a tendência é de que fique, geralmente, em torno de 14ºC, 15ºC, como já está acontecendo”, disse. Já as máximas, é esperada uma média de 26ºC, mas que pode chegar a 29ºC e até ultrapassar os 30ºC. Ou seja, um inverno “quente” com dias secos e baixa umidade relativa do ar, propícios para a estiagem.

Sobre o inverno há controvérsias, pois tem gente que gosta e quem não gosta. A única certeza é de que o frio ajuda a aumentar os casos de doenças respiratórias e a incidência de fogo em vegetação.

Quanto às doenças respiratórias não há muito o que fazer, a não ser dobrar os cuidados com a saúde, recorrer às vacinas disponíveis, evitar a automedicação e buscar auxílio médico sempre que necessário, afinal a gripe pode evoluir a outras doenças e também pode causar a morte.

Já sobre o fogo em vegetação, trata-se de uma situação ainda mais problemática, que requer conscientização coletiva.

Mesmo com campanhas massivas sobre as causas e consequências do fogo em mato, estudo divulgado na terça-feira (18) pelo MapBiomas Fogo — rede que envolve universidades, organizações não governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia — mostra que quase um quarto do território brasileiro pegou fogo, ao menos uma vez, no período entre 1985 e 2023. Foram 199,1 milhões de hectares, o equivalente a 23% da extensão territorial brasileira.

Da área atingida por incêndio, 68,4% eram vegetação nativa, enquanto 31,6% tinham presença da atividade humana, notadamente a agropecuária. O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo, seja de origem natural ou provocada pelo homem. Juntos, são 86% da área queimada.

Os dados foram possíveis a partir da comparação de imagens de satélite, que possibilitam que os pesquisadores analisem o tamanho e o padrão histórico das áreas incendiadas, mas não é possível apontar com certeza o que iniciou o fogo.

A questão dos incêndios florestais, inclusive, é palco para discussões políticas. O problema é que o debate privilegia apenas a polarização. No governo passado, as críticas dos “ambientalistas” eram até mesmo ofensivas e pouco práticas.

Em um dos recortes, por exemplo, a notícia era de que “as queimadas em área de floresta atingiram o pico do governo Jair Bolsonaro em 2022 e destruíram 2,8 milhões de hectares, segundo dados divulgados pelo Monitor do Fogo do MapBiomas. O número é 93% maior em relação a 2021. Do total, 85% dessas queimadas ocorreram na Amazônia, bioma mais afetado pelo fogo”.

Pois bem, mudou-se o governo — e não apenas o nome do presidente, mas também a ideologia. E como ficou essa questão? Eis uma resposta: “O número de queimadas na Amazônia bateu um novo recorde durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): a incidência do fogo na floresta é 154% maior nos quatro primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2023”. O que se entende? A mudança simples de governo de nada adianta se não mudar a mentalidade de quem governa e mais, de quem é governado também.

O incêndio na Amazônia, por exemplo, está associado à exploração da madeira e da terra da pior forma possível. O fogo na área urbana está ligado à negligência da fiscalização e do senso de individualismo do cidadão. De qualquer forma, o homem está sempre envolvido nas ações que trazem prejuízo coletivo. A lamentação também não resolve a questão, já a conscientização é um bom começo para resoluções.