Triste realidade essa do trânsito

Por Cruzeiro do Sul

Dados oficiais consolidados do Ministério da Saúde sobre mortes no trânsito brasileiro em 2022, divulgados em fevereiro deste ano, indicam que 33.894 brasileiros perderam a vida em ocorrências nas ruas. O número é um pouco maior do que o registrado em 2021 (33.813 mortes). Também é maior que o número de óbitos de 2020, quando o Brasil registrou 33.497 mortes por sinistros de trânsito. Os números totais de 2023 ainda estão sendo contabilizados.

Apesar de representar, em números absolutos, um crescimento “pequeno”, muitos consideram até uma estabilidade, o dado não é animador e acende um alerta se analisarmos o cenário do trânsito como um todo. Desde 2014, o Brasil vinha registrando, ano a ano, diminuição no número de mortes por acidentes de trânsito. No entanto, a partir de 2020, os números voltaram a subir, principalmente em relação aos motociclistas.

E esse é um outro alerta que se acende, pois diferente de anos anteriores, quando se mantinha a estabilidade no índice de mortes de cidadãos como ocupantes de veículos e como pedestres, em 2022, houve um aumento do número de mortes nestas posições, além das mortes de motociclistas (e passageiros de moto) que vêm crescendo ano a ano.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, os motociclistas foram os que mais perderam a vida nas vias do Brasil. Foram 12.058 mortes nessa condição. Em seguida, estão os ocupantes de automóveis (7.226) e os pedestres (5.387). A faixa etária mais vulnerável, conforme os dados, está entre 20 e 59 anos.

Quando se apresentam dados gerais sobre as mortes no trânsito do Brasil, podemos até ter a sensação de que acidentes só acontecem longe de onde vivemos. Não é uma verdade. A realidade é outra e é triste.

Sorocaba lidera o ranking de mortes no trânsito no Estado de São Paulo, entre 25 cidades com mais de 300 mil habitantes, considerando os últimos 12 meses. Os dados são do Infosiga, Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo, plataforma administrada pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).

Com 733.301 moradores, Sorocaba teve 112 óbitos em acidentes entre junho de 2023 e o mesmo mês de 2024, média de 15,27 por 100 mil habitantes, segundo o Infosiga.

A média de óbitos por 100 mil habitantes em Sorocaba supera a estadual, de 13,70, e a da capital paulista, de 9,21 — que figura em 22º no ranking. Em comparação com o acumulado de janeiro a junho de 2023, o número de mortes em Sorocaba no mesmo período deste ano cresceu 51,16. Até o momento, abril de 2024 foi o mês mais letal desde janeiro do ano passado, com 18 registros. Junho teve dez. A maior parte dos mortos no trânsito sorocabano nos últimos 12 meses é motociclista.

A cidade ocupava a terceira posição do ranking de mortes no trânsito do Estado de São Paulo nos 12 meses até maio de 2024. O município ficava atrás apenas de Praia Grande (1º) e Piracicaba (2º). Agora, com os dados de junho acrescentados ao sistema, as posições de Sorocaba e Praia Grande se inverteram, com Piracicaba permanecendo em segundo no ranking.

A Secretaria de Mobilidade de Sorocaba (Semob) informa que, de junho de 2023 a maio de 2024, houve 37 óbitos decorrentes de acidentes de trânsito na área urbana da cidade. Os dados oficiais do mês de junho de 2024 do Setor de Estatística da Semob ainda não foram compilados e aguarda os encaminhamentos mensais dos dados por parte das companhias da Polícia Militar para a consolidação das estatísticas.

Entre as infrações cometidas em acidentes de trânsito em Sorocaba, estão excesso de velocidade, desrespeito à sinalização de trânsito e falta de atenção por parte de motoristas e pedestres. Falta de atenção, excesso de velocidade, dirigir alcoolizado, sonolência no volante e uso do celular também são fatores que contribuem para um trânsito inseguro.