A força dos mais experientes

Por Cruzeiro do Sul

O noticiário eleitoral acabou ofuscando uma importante data nacional: O Dia Nacional do Idoso, também conhecida como Dia Internacional da Terceira Idade, comemorado em 1º de outubro. Mas, o tempo para falar de pessoas experientes é todo o dia.

De acordo com o Censo Demográfico de 2022, a população idosa do Brasil corresponde a 10,9% do total, ou seja, 22.169.101 pessoas com 65 anos ou mais. O índice de envelhecimento da população brasileira também aumentou, passando de 44,8 em 2010 para 80,0 em 2022. Isso significa que, em 2022, havia 80 pessoas idosas para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

O envelhecimento da população brasileira deve-se a fatores como o avanço da medicina e a redução da taxa de fecundidade.

A população idosa está mais concentrada no sudeste (16,6%) e no sul (16,2%). Já os estados com maior concentração de idosos são o Rio de Janeiro (19,1%) e o Rio Grande do Sul (18,6%)

Uma notícia boa é que, atualmente, o Brasil conta com 403 projetos voltados a idosos, que compreendem cerca de 30 aspectos da vida dessa parcela da população. Quase metade (48,1%) beneficia mais de mil pessoas diretamente, quatro em cada dez iniciativas (39%) são tocadas por organizações da sociedade civil e cerca de dois terços delas (62,3%) estão em atividade há cinco anos ou mais.

O mapeamento em que constam esses dados foi realizado pelo Lab Nova Longevidade, em parceria com a Ashoka, rede global de empreendedorismo social, o Instituto Beija, que atua no campo da filantropia, e a associação Itaú Viver Mais. O levantamento fornece informações relevantes para se localizar quais áreas de cuidado e regiões do País são mais desconsideradas, inclusive pelo poder público, que é responsável por somente 4% dos projetos em funcionamento.

De acordo com os especialistas que apuraram e reuniram os dados, a região sudeste do País é a que tem mais iniciativas (62%), ou, pelo menos, a que teve mais interesse em participar do levantamento. Em seguida, aparecem o nordeste (19%), o sul (11%) e o centro-oeste (5%). Por último, com apenas 3% dos projetos, está a região norte.

Em relação aos estados, São Paulo (42,2%) lidera a lista, ao lado do Rio de Janeiro (10,2%), de Minas Gerais (9,7%), de Pernambuco (7,2%), do Rio Grande do Sul (5,2%) e da Bahia (5%). Além do Distrito Federal, 24 dos 26 estados brasileiros participaram do mapeamento com pelo menos uma iniciativa. Acre e Rondônia não tiveram nenhum projeto informado ou identificado.

Além das organizações da sociedade civil, também se destacam por manter a roda dos projetos girando o setor privado (22%), as startups (11%) e os produtores de conteúdo e mídia (11%).

As propostas concretizadas por pesquisadores e institutos ou grupos de pesquisa superam a participação do governo. A academia responde por 9% das iniciativas, um percentual maior do que as ações governamentais (4%). Os pesquisadores são as figuras principais (44%) que puxam as iniciativas como de sua responsabilidade.

Em relação às temáticas abordadas pelos projetos, o que predomina é envelhecimento saudável (82%), novas narrativas para longevidade (70%), diversidade e inclusão (66%), intergeracionalidade (65%) e combate ao idadismo (61%).

Entre os assuntos que estão em menos da metade das iniciativas, foram identificados educação continuada (49%), cuidado familiar (46%), inclusão digital (43%), acesso à saúde (39%), acessibilidade (37%), empreendedorismo sênior (36%), empregabilidade (28%), interseccionalidade (27%), educação financeira (24%), requalificação profissional (21%) e educação midiática (17%).

A verdade é que há muitos idosos ativos no Brasil. E as eleições municipais de domingo mostraram que eles ainda estão dispostos a fazer a diferença na sociedade, a partir do comparecimento nas urnas de maneira voluntária, já que estão isentos da obrigatoriedade de votar. Ao mesmo tempo, 21,71% das pessoas “mais novas”, aptas para votar, abriram mão de seus direitos.