Um agressor preso a cada 40 minutos

Por Cruzeiro do Sul

As Delegacias da Mulher (DDM) de São Paulo registraram, nos oito primeiros meses do ano, mais de 6,5 mil prisões de suspeitos de praticar violência contra a mulher. O número representa uma média de um agressor preso a cada 40 minutos no Estado. É uma triste realidade.

Na contrapartida, as ações das autoridades que comandam as forças de segurança reforçam o combate a esse mal social. Por exemplo: entre janeiro e agosto deste ano, houve um aumento de 6,6% no número de inquéritos instaurados na comparação com o mesmo período do ano passado.

O avanço deste trabalho possibilita a coleta de mais provas, aumentando as chances de levar abusadores e agressores à Justiça. Aliás, isso é meta de governo, como disse Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública: “Encontramos um grande desafio no início da gestão, que era o de combater a subnotificação dos crimes contra a mulher. O estímulo ao registro da denúncia e a demonstração de que a mulher pode confiar no trabalho da polícia tem feito com que possamos esclarecer esses crimes e oferecer mais proteção às vítimas”.

Entre janeiro e agosto, foram abertos 1,6 mil termos circunstanciados e 108,6 mil boletins de ocorrência de casos de agressão, um aumento de 6,3% na comparação com os oito primeiros meses de 2023. Mas, é sempre bom enfatizar: esses números refletem, apenas, os casos que chegaram ao conhecimento da autoridade policial. É bem sabido que muitas agressões ficam escondidas no ambiente tóxico em que vivem algumas mulheres e os motivos são os mais diversos. Da dependência econômica até a vergonha; do medo e a sensação de impunidade à ideia que é melhor preservar os filhos. Enfim. Trata-se de um sério problema social.

A coordenadora das Delegacias da Mulher de São Paulo, delegada Adriana Liporoni, acredita que “a Lei Maria da Penha tem uma função de prevenção, mas a punição também é necessária. Por isso que a instauração do inquérito, a coleta das provas, o indiciamento, a ação penal, a condenação e a execução da pena fazem parte desse processo”.

A lei prevê que alguns crimes contra a mulher, como casos de lesão corporal em decorrência de violência familiar ou de gênero, são de ação pública penal incondicionada, ou seja, não é necessário que a mulher faça uma representação para que um inquérito seja instaurado. Em alguns casos, no entanto, como em ameaça, é necessário que a mulher faça uma representação junto a uma delegacia.

“Hoje a vítima tem muito mais conhecimento das ferramentas disponibilizadas pela Secretaria da Segurança Pública para que haja uma efetiva proteção do Estado. As subnotificações diminuíram. Esse é um fator muito positivo. Essa consciência da vítima em representar é um fortalecimento da sua proteção. Com isso, mais inquéritos são instaurados”, explica a delegada Liporoni.

Portanto, é certo que denunciar o agressor é fundamental da mesma forma que a agredida deve procurar ajuda em casos de violência doméstica.

As Delegacias da Mulher de São Paulo oferecem diferentes canais para o registro de boletins de ocorrência de casos de violência e a solicitação da medida protetiva de urgência: as delegacias da mulher territoriais, a DDM On-line e as Salas DDM 24h instaladas em plantões policiais. Neste ano, o Governo de São Paulo ampliou o número de salas DDM 24 horas, que passaram de 79 para 142, representando um aumento de cerca de 80%.

Além das delegacias da mulher, qualquer mulher que esteja se sentindo ameaçada ou em situação de risco de violência pode ligar no 190 da Polícia Militar. O Centro de Operações (Copom) da corporação conta com a Cabine Lilás, que oferece suporte especializado a vítimas de violência por meio de policiais militares treinadas especialmente para esse tipo de atendimento.

Há, ainda, o SP Por Todas que é um movimento promovido pelo Governo paulista para ampliar a visibilidade das políticas públicas para mulheres, bem como a rede de proteção, acolhimento e autonomia profissional e financeira que viabiliza serviços exclusivos para elas.

Essas frentes estão nos pilares da gestão e incluem novas soluções lançadas em março de 2024. Um dos destaques é o auxílio-aluguel de R$ 500 para vítimas de violência doméstica. Também houve ampliação do monitoramento permanente de agressores com uso de tornozeleiras; o lançamento do aplicativo SPMulher Segura, que conecta a polícia de forma direta e ágil caso o agressor se aproxime.

Também houve a ampliação das linhas de crédito para as mulheres e a entrega das Casas da Mulher Paulista, que oferecem serviços de apoio psicológico e capacitação profissional. O governo ainda implementou o protocolo Não Se Cale para acolhimento imediato e combate à importunação sexual em bares, restaurantes, casas de show e similares, formando equipes em um curso online oferecido gratuitamente aos profissionais do setor.