Inflação acima do previsto

Por Cruzeiro do Sul

Enquanto todos os segmentos do País esperam, com enorme expectativa, o prometido anúncio, por parte do governo Lula de como fará o necessário e urgente corte de gastos, uma informação oficial, nada agradável, bateu à porta dos brasileiros nesta sexta-feira (8). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a real inflação do País, registrou taxa de 0,56% em outubro deste ano. Trata-se de uma taxa maior do que as observadas no mês anterior (0,44%) e em outubro de 2023 (0,24%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A notícia sobre a alta da inflação oficial veio um dia depois de outra informação que ninguém gosta de ouvir: as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) fecharam o mês de setembro com déficit primário de R$ 5,326 bilhões. Esse péssimo resultado veio pior do que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado negativo de R$ 2 bilhões em setembro.

Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada pelos índices de preços. O IBGE produz dois dos mais importantes índices de preços: o IPCA, considerado o oficial pelo governo federal, e o INPC. O propósito de ambos é o mesmo: medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.

A cesta é definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, que, entre outras questões, verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto: arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, médico, cinema, entre outros.

Os índices, portanto, levam em conta não apenas a variação de preço de cada item, mas também o peso que ele tem no orçamento das famílias.

O Boletim da Cesta Básica Sorocaba, levantamento realizado todo mês pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso), comprova que algo não vai bem na economia do País e quem sofre é o cidadão. Segundo a pesquisa sorocabana, dos 34 itens que compõem a cesta básica local, 17 registraram aumento de preço. A carne bovina de 2ª foi o produto que mais subiu — em média 9,43%, passando de R$ 27,47 o quilo para R$ 30,06. A carne de 1ª também registrou aumento, de 8,26%, indo de R$ 38,01 para R$ 41,15. Isso porque o presidente Lula havia afirmado que todos os brasileiros iriam comer picanha. Hoje, pelo jeito, nem carne de 2ª boa parte das famílias está conseguindo comprar.

A realidade é que o brasileiro está comprando menos e pagando mais. A taxa de inflação em outubro foi puxada principalmente pelos gastos com habitação e com alimentos. O grupo de despesas habitação teve alta de preços de 1,49%, influenciada pelo avanço do custo da energia elétrica, que subiu 4,74%, com a implementação da bandeira tarifária vermelha 2, a partir de 1º de outubro.

O grupo alimentação e bebidas teve variação de preços de 1,06%, puxada principalmente pelo aumento das carnes (5,81%). Entre os tipos de carne com altas mais elevadas destacam-se acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Outros alimentos com altas de preços foram tomate (9,82%) e café moído (4,01%).

A razão para o aumento da carne, segundo o IBGE, está baseada no período recente de seca bem mais intenso, o que prejudica a produção e reduz a oferta de animais. Além da questão climática, houve uma baixa oferta influenciada por uma menor disponibilidade de abates e também por causa das exportações, que estão maiores que o ano passado e a oferta de carnes no mercado interno ficou mais restrita. Ou seja: a carne produzida no Brasil está cara para o consumo interno porque a preferência é atender o mercado externo.

Além disso, hoje, com a tecnologia disponibilizada é possível prever situações adversas relacionadas ao clima e se antecipar aos problemas buscando soluções.

Resumindo: toda essa situação, que impacta negativamente na qualidade de vida dos brasileiros, pagadores de impostos, é em razão da forma como o governo está administrando o País. Algo precisa ser revisto urgentemente a começar pelo corte de gastos.