O que o Enem revela

Por Cruzeiro do Sul

Neste domingo, 10 de novembro, acontece o segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio — Enem 2024. Serão aplicados exames de Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias. São 45 questões em cada área do conhecimento.

O Enem foi criado em 1998 para ajudar o governo a elaborar políticas para melhorar a educação. O objetivo era saber o que os estudantes estavam aprendendo e como absorviam os conhecimentos.

A primeira aplicação do Enem aconteceu em 20 de agosto de 1998, para alunos de escolas públicas e particulares de todo o País. Na época, o formato do exame era diferente do atual e não era usado para ingressar no ensino superior.

A partir de 2004, o Enem passou a ser usado para ingressar em instituições de ensino superior. Em 2009, foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que deu mais responsabilidade ao Enem.

O Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Enem se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sisu e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são usados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitarem as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

Por tudo isso, o Enem é considerado a maior prova do Brasil, aplicada anualmente para mais de 5 milhões de estudantes. A prova é realizada em dois domingos consecutivos e é dividida em quatro áreas: Linguagens e Códigos; Ciências Humanas; Ciências da Natureza; Matemática.

Um importante destaque da edição deste ano, é o fato de que dos 4,3 milhões de candidatos confirmados, 2,9 milhões (67%) têm até 18 anos; 420 mil (9,7%) têm entre 19 e 20 anos; 639 mil (14,8%) têm entre 21 e 30 anos; 350 mil (8,1%) têm entre 31 e 59 anos; e quase 10 mil (0,23%) têm mais de 60 anos. Apesar de representar menos de 1% dos participantes, o número de pessoas com mais de 60 anos que realizam o Enem é o maior da série histórica desde 2020: são 9.950 idosos. Destes, 558 estão cursando o ensino médio na modalidade de educação para jovens e adultos (EJA).

A tendência se confirma pelos dados do Censo da Educação Superior 2023, divulgado no último mês. De acordo com a pesquisa, o Brasil registrou 9.977.217 matrículas nos cursos de graduação e sequenciais de formação específica — presenciais e a distância. Desse total, 60.735 matrículas foram de estudantes com 60 anos ou mais. Quase metade dos alunos nessa faixa etária (30.692) ingressaram no ensino superior em 2023.

O aumento de pessoas idosas que resolvem realizar o Enem e ingressar na educação superior acompanha uma elevação da expectativa e qualidade de vida dos brasileiros. De acordo com o Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de habitantes com 60 anos ou mais é de 32,1 milhões, enquanto em 2010 era de 20,5 milhões.

Outro dado importante para o aspecto social é que as mulheres são maioria entre os inscritos — equivalem a 60,59%, enquanto os homens representam 39,41%.

Sobre a declaração de raça e/ou cor dos candidatos, a maioria se reconhece de cor parda (1.860.766), seguida da branca (1.788.622) e preta (533.861). Outros 62.288 se consideram de cor amarela e 29.891 se declaram indígenas. Mais de 50 mil participantes não declararam raça ou cor.