Pessimismo com a economia derruba confiança da indústria

Por Cruzeiro do Sul

 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado nesta terça-feira (12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou um recuo de 0,6 ponto na passagem de outubro para novembro. Com a queda, o indicador saiu de 53,2 pontos para 52,6 pontos.

Divulgado todos os meses, o ICEI é composto por dois componentes: o Índice de Condições Atuais e o Índice de Expectativas. “Ambos quantificam a percepção dos industriais em relação aos próprios negócios e à economia do País”, registra nota divulgada pela CNI.

Na atual edição, foram consultadas 1.209 empresas, das quais 482 são de pequeno porte, 455 de médio porte e 272 de grande porte. O levantamento dos dados se deu entre os dias 1º e 7 de novembro de 2024.

De acordo com os resultados, o Índice de Condições Atuais recuou 0,5 ponto, fechando em 48,3 pontos. Em nota, a CNI aponta que essa variação foi influenciada principalmente pela piora da percepção dos empresários sobre o atual momento vivido pela economia do País.

O Índice de Expectativas — que projeta os próximos seis meses — também registrou queda e fechou em 54,7 pontos. A variação negativa entre outubro e novembro foi 0,7 ponto. “Os empresários continuam otimistas, embora de forma mais moderada do que no mês anterior”, registra a nota divulgada pela CNI.

O levantamento indica que a queda no Índice de Expectativas teve como principal influência o maior pessimismo dos industriais quanto ao futuro da economia: esse quesito caiu 2,5 pontos, passando de 49,2 pontos para 46,7 pontos. De outro lado, as projeções dos empresários para o futuro das empresas são mais positivas, registrando 58,6 pontos.

E a explicação para tal pessimismo? Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, explica: “O que trouxe a queda da confiança em novembro foi a avaliação sobre a economia. Tanto a avaliação das condições correntes quanto as expectativas em relação à economia pioraram e continuam negativas”.

A demanda por bens manufaturados caiu 1,7% no último ano, e a falta de procura por produtos nacionais é uma questão que os empresários industriais apontam desde o quarto trimestre de 2022. Por exemplo: o Brasil importou 29,8 milhões de pares de sapatos até outubro de 2024, um aumento de 20,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. 80% desses produtos vêm da China, Vietnã e Indonésia, os três maiores produtores de sapatos do mundo. Mas o Brasil tem importantes fabricantes de calçados.

Há, ainda, um pessimismo em torno do cumprimento das regras fiscais e em relação à demora para o anúncio, por parte do governo Lula, do esperado corte de gastos.

Mesmo com todo esse negativismo com foco na questão econômica, a indústria segue contratando. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, a indústria criou mais de 405 mil novas vagas nos primeiros nove meses do ano, um salto de mais de 75% em relação ao mesmo período de 2023. Só em setembro, os empregos industriais tiveram aumento de 40% em relação a setembro de 2023 e de 16% em relação a agosto e espera com expectativa boa os números de outubro, que devem ser divulgados entre os dias 25 e 28 de novembro.

O emprego na indústria não cai há um ano. De acordo com a edição mais recente dos Indicadores Industriais, da CNI, completou 12 meses consecutivos sem variar negativamente.

Fundada em 1938, a CNI representa 27 federações de indústrias e 1.250 sindicatos patronais, aos quais são filiadas quase 700 mil indústrias. Ainda que se trate de uma entidade privada, suas atividades compreendem a defesa e promoção de políticas públicas nas áreas de empreendedorismo e desenvolvimento industrial.

A entidade elabora pesquisas, estudos, índices e indicadores regulares e eventuais que revelam o desempenho da indústria, as percepções e expectativas dos empresários sobre a situação da economia e os efeitos das políticas econômicas. Há, ainda, sondagens que mostram o sentimento da população sobre grandes temas do País.