Interior de SP contra o tráfico

Por Cruzeiro do Sul

As polícias Civil e Militar apreenderam 14,1 toneladas de drogas em outubro nos municípios do interior paulista. A quantidade é 55% maior que o total de entorpecentes retirados de circulação no mesmo período do ano passado.

O aumento nas apreensões é reflexo das ações integradas desenvolvidas pelas forças de segurança em todo o Estado, com o objetivo de asfixiar financeiramente o crime organizado, desarticulando as quadrilhas que usam o território paulista para o transporte de entorpecentes.

Em outubro, a quantidade de maconha apreendida chegou a 11,7 toneladas, 46% a mais que o total retirado de circulação um ano antes. A apreensão de cocaína saltou de 815 quilos (em outubro de 2023) para 1,8 tonelada neste ano, aumento de mais de 120%.

Até o final de outubro deste ano, já foram apreendidos pelas forças de segurança no interior paulista 114,3 toneladas de entorpecentes, sendo a maior parte maconha (91,8 toneladas). O total de cocaína apreendida chegou a 13,6 toneladas, um aumento de 35%.

Já no acumulado do ano, de janeiro a outubro, foram 3,6 toneladas de cocaína a mais do que em 2023, quando foram 10,2 toneladas apreendidas, aumento de 35%. Esta foi a maior apreensão já registrada da droga no período desde 2001, quando teve início a série histórica.

Os registros de armas de fogo ilegais apreendidas e veículos recuperados também cresceram em outubro. Ao todo, foram 715 armas retiradas das ruas, 27,2% a mais do que no ano anterior, quando foram 562 armas recolhidas. Já os veículos recuperados saltaram de 1.518 para 1.950, alta de 28,5%. Em outubro, 9.249 infratores foram presos ou apreendidos em todo o interior paulista.

O Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) da Polícia Militar auxiliou na apreensão de quase 74 toneladas de drogas de janeiro a agosto deste ano nas rodovias paulistas. É pouco mais da metade de todo entorpecente apreendido no Estado. O grupo especializado atua como uma Força Tática por meio de um trabalho orientado por tecnologia e planejamento.

O coronel aposentado Ralph Rosário Solimeo, idealizador do grupo tático há 37 anos, informa que o Tático Ostensivo Rodoviário se tornou referência no Brasil quando o assunto é a segurança pública nas estradas. “O crime sempre passou pela rodovia. Precisávamos de uma equipe especializada e orientada para saber quem, quando e onde abordar”, disse o coronel.

O que antes era um efetivo limitado, com poucas viaturas e treinamentos básicos, hoje o TOR conta com centenas de policiais militares espalhados pelo Estado de São Paulo e que têm à disposição a mais alta tecnologia a serviço da comunidade.

A malha rodoviária estadual é usada pelo crime organizado para escoar a droga de regiões produtoras na fronteira do País para grandes centros consumidores. Para isso, o entorpecente passa por algumas cidades do interior paulista, que servem como base de redistribuição para São Paulo e Rio de Janeiro. Conforme levantamento da Secretaria Estadual da Segurança Pública, pelo menos 70% de todo o material ilícito que circula no Brasil passa pelo interior paulista, no que ficou conhecido nos últimos anos como a “rota caipira” do tráfico de drogas.

Nesse sentido, o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, enfatiza que “atacar a logística do crime organizado é o nosso foco para combater cada vez mais o tráfico de drogas. Nossa atuação tem sido pautada pelo trabalho de inteligência policial e o planejamento para identificar as principais rotas usadas pelos traficantes. Dessa forma, conseguimos realizar grandes apreensões, causando um prejuízo milionário e enfraquecendo as quadrilhas.”

Os criminosos usam as rotas também para chegar até a capital do Estado, de onde a droga é levada ao Porto de Santos. O entorpecente é embarcado ilegalmente em navios e transportado até África, Ásia e Europa.

Para além das apreensões, o delegado Carlos Castiglioni, do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc), contou que as investigações contra quadrilhas especializadas em tráfico de drogas se aprimoraram com avanço da tecnologia. “Quando ocorre a prisão de um traficante, nosso campo de trabalho aumenta intensamente. A gente verifica o grau de relacionamento dele com outro possível suspeito, apreendemos cadernos com anotações do tráfico, telefones, computadores. Isso nos oferece um horizonte muito grande para o prosseguimento da investigação”, disse.