Crescimento industrial
Estudo realizado pela Fundação Seade, entidade ligada ao governo do Estado de São Paulo e considerada referência nacional na produção de análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas, constatou que a Região Administrativa de Sorocaba, formada por 47 municípios, alterou seu perfil econômico na última década ao aumentar sua contribuição ao Valor de Transformação Industrial (VTI) estadual de 4,7% para 6,8% de 2003 a 2016, tornando-se a quarta maior do Estado. A pesquisa levou em conta 25 segmentos e o VTI é a riqueza produzida pela atividade industrial.
Com os dados fornecidos pela Fundação Seade é possível ter uma visão geral das regiões paulistas que cresceram em termos industriais e as que encolheram economicamente. O próprio Estado de São Paulo contribui hoje com menor VTI em relação a um passado recente. Em 2003 concentrava 43,8% e em 2016 esse número caiu 6,8%, passando para 37,5%, resultado da descentralização natural da atividade industrial, mas, sobretudo, da guerra tributária entre os Estados que, para atrair indústrias, praticamente abrem mão de impostos e oferecem outros benefícios. Ocorreram mudanças também internamente no Estado. A concentração industrial na Região Metropolitana de São Paulo caiu de 40,6% em 2003 para 30,9% em 2016, favorecendo principalmente as regiões de Campinas e Sorocaba. De acordo com a fundação Seade, a RA de Campinas teve o maior crescimento entre as regiões e era responsável por 30,2% do VTI paulista em 2016. A RA de Sorocaba teve o segundo maior avanço.
O perfil industrial de Sorocaba também mudou. Conhecida nacionalmente pela sua produção no setor têxtil, a cidade registra hoje pouca atividade nessa área em comparação com os 70 primeiros anos do século passado. O setor têxtil, é bom registrar, começou a se desenvolver no município no final do século 19, quando ainda era realizada a Feira de Muares na cidade. O setor ferroviário também já foi poderoso, com as oficinas da antiga Sorocabana operando a todo vapor nas primeiras décadas do século passado e empregando milhares de trabalhadores.
Hoje, como observou um diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, há uma expansão sensível no setor de equipamentos de informática e eletrônicos, que faz uma saudável interação com as universidades locais. No período entre as duas pesquisas do Seade também houve expansão em Sorocaba do setor de energias renováveis, sobretudo a direcionada à produção de energia eólica. A produção de equipamentos para captação de energia solar começa a ganhar corpo.
Mas o passo mais importante para o avanço da produção industrial na região foi a instalação da Toyota em Sorocaba. O município já tinha produção significativa de autopeças e componentes desde a década de 1970 e contava com o Centro de Distribuição de Peças da General Motors, inaugurado na década de 1990, mas não contava com uma montadora produzindo veículos em seu território. A montadora começou a funcionar em 2012 e trouxe consigo pelo menos 14 outras indústrias fornecedoras, as chamadas sistemistas, uma característica moderna do sistema de produção de automóveis, com os fornecedores de componentes trabalhando ao lado das montadoras. Produzindo duas linhas de veículos, a previsão para os próximos anos é de expansão.
Mas, afinal, o que a população da região deve esperar desse processo de industrialização em período que a economia patina? Em primeiro lugar, a indústria, principalmente as de grande porte, como a automobilística, tem uma cadeia produtiva bastante ampla. Cada emprego direto criado representa vários outros em outros setores, por conta da terceirização de serviços, gerando um razoável número de empregos indiretos, o que é bom para a economia regional. No entanto, o mais importante é que a nova onda de industrialização também oferece a oportunidade de se planejar melhor o crescimento, evitando situações-limite vividas por certas áreas da Região Metropolitana de São Paulo que resultam em poluição, degradação ambiental e urbana e até fuga de empresas.
É recomendável, portanto, que as autoridades fiquem atentas e possam administrar o crescimento econômico de maneira ordenada, aproveitando bem os recursos que elas geram em termos de arrecadação, fazendo o máximo possível para não comprometer a qualidade de vida dos sorocabanos.