Bairro esquecido
Foi o tempo em que Aparecidinha era apenas um bairro rural, com poucas residências. O bairro cresceu muito, principalmente a partir da década de 90, quando surgiram loteamentos que se integraram ao núcleo principal. E esse núcleo recebe milhares de pessoas todo ano, no segundo domingo de julho, ocasião em que a imagem de Nossa Senhora Aparecida deixa a Catedral Metropolitana de Sorocaba, no Centro, e segue em procissão, numa distância aproximada de 16 quilômetros. A capela do bairro e o seu entorno tornaram-se patrimônio histórico de Sorocaba. A medida foi para preservar a capela construída em 1785 e que nela ficasse a imagem da santa para a qual os tropeiros pediam proteção em suas viagens. Mais recentemente, houve a construção do prédio do Santuário de Aparecidinha, num outro ponto próximo da capela, onde, acredita-se, havia a árvore em que ficava a imagem da santa no século 18 e onde os tropeiros paravam em suas viagens.
O bairro, que surgiu como um arraial e foi denominado Pirajibu do Meio, só a partir da inauguração da rodovia Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho), dia 7 de dezembro de 1974, é que passou a contar com dois acessos. Até então, a única opção para chegar até lá era a avenida 3 de Março, toda em terra, exatamente o mesmo trajeto da tradicional Romaria de Aparecidinha, que os romeiros fazem a pé duas vezes por ano.
Ontem, o Cruzeiro do Sul publicou reportagem sobre reivindicações antigas de moradores da região de Aparecidinha e que não foram atendidas. Indignados, dizem que são esquecidos pela Prefeitura. Alegam que reparos em ruas somente são realizados nas épocas das romarias, ou seja, no final de dezembro para a procissão de 1º de janeiro, e em julho, quando ocorre o retorno da imagem de Nossa Senhora ao Santuário de Aparecidinha. Eles pedem ainda outras melhorias para essa região distante do centro de Sorocaba, mas em alto grau de crescimento.
Os moradores têm razão em suas reivindicações. Cobram também ações dos vereadores para que possam exigir as melhorias, especialmente nos acessos, que são a avenida 3 de Março e as ruas Quirino de Mello e Joaquim Machado, as principais de Aparecidinha. Reclamam dos buracos sem os devidos reparos e ainda da situação perigosa que é representada pela falta de finalização de trânsito.
A região de Aparecidinha corresponde a um núcleo com cerca de 20 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ali estão o Jardim Josane, a Villa Amato, Topázio, Jardim das Flores, Residencial Nikkey, entre outros, e também há os condomínios fechados. O acesso principal é a avenida 3 de Março, que tem um trecho pavimentado e boa parte sem asfalto. Exatamente aí que surgem os buracos, os principais obstáculos para os moradores dessa região, prejudicando até mesmo o transporte coletivo urbano.
Em nota ao jornal, para responder aos moradores, a Prefeitura acena com a licitação de um trecho da avenida 3 de Março, para o serviço de pavimentação, sem dizer qual. Estima que o processo deva ser encerrado em 120 dias, isto é, quatro meses. Mas licitação não significa obra pronta. E o que os moradores esperam é que as solicitações tenham ressonância não só na Prefeitura como também na Câmara Municipal.
Os moradores da região de Aparecidinha acreditam que só são lembrados nas épocas das romarias e agora chega a vez da Prefeitura mostrar o contrário, com ação. É o que se espera da administração municipal e dos nossos camaristas.