Exercícios físicos e a pandemia
O brasileiro está enfrentando, desde o mês de março, períodos de confinamento social, uma das maneiras encontradas pelas autoridades sanitárias de tentar controlar a disseminação do novo coronavírus, enquanto não temos uma vacina.
Uma das primeiras medidas para evitar o contágio, além do fechamento do comércio em geral e shopping centers, foi o fechamento de parques, onde parte da população encontra espaço para se exercitar, e academias de ginástica, estas últimas apontadas como potencialmente perigosas diante da proximidade dos praticantes dos exercícios e o compartilhamento de equipamentos de ginástica.
Com quase quatro meses de quarentena, entre períodos de rígido isolamento e outros nem tanto, as pessoas começaram a perceber os reflexos da falta de exercício na cintura e no aumento de peso.
Programas televisivos e séries especializadas sobre cozinha passaram a fazer parte do lazer do cidadão confinado em casa que, ao receber enxurradas de informações culinárias, passou a se dedicar à cozinha.
Em um país em que metade da população está acima do peso e um em cada cinco brasileiros pode ser considerado obeso, o consumo exagerado de comida pode ser agradável, mas muitas vezes está longe de ser saudável, sem que todas essas calorias sejam gastas em algum tipo de atividade.
Depois de todo esse tempo, e em algumas regiões do País onde já ocorre flexibilização das atividades, já é possível a prática de alguns exercícios como caminhada, ciclismo e corrida, em parques públicos, desde que mantidas algumas regras necessárias impostas pela pandemia.
Muitas cidades litorâneas também já começaram a permitir caminhadas pela orla, desde que os praticantes mantenham o distanciamento e usem equipamentos de proteção, como as máscaras faciais.
A abertura das academias de ginástica, ansiosamente aguardada pelos aficionados em exercícios, ocorrerá em etapas mais avançadas de flexibilização.
Os exercícios físicos ao ar livre são defendidos por muitos especialistas e está entre as recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) mesmo durante a pandemia, especialmente em momentos de estresse vividos pela população.
Imagens de pessoas fazendo caminhadas em parques públicos, inclusive, têm sido exemplo de quebra do isolamento social.
Mas essa não é a opinião da maioria dos educadores físicos que defendem a prática moderada de exercícios ao ar livre, desde que sejam observadas as regras de distanciamento e proteção.
E há ainda algumas informações importantes para pessoas que desejam retomar os exercícios.
Especialistas desaconselham, por exemplo, o uso de equipamentos de ginástica de uso compartilhado nessas áreas públicas, assim como bicicletas públicas, uma vez que seria necessário um trabalho bastante rigoroso para higienização desses equipamentos e nem sempre isso é possível.
Não é recomendado também o uso de bebedouros públicos, pelos mesmos motivos.
O mais seguro, garantem, é que cada praticante leve sua própria garrafa de água, para evitar qualquer tipo de contaminação.
O uso de máscaras de proteção, neste momento da pandemia, é imprescindível.
E o anti-exemplo que ficou nacionalmente conhecido é o caso do desembargador de Santos que, ao ser abordado por guardas municipais daquela cidade quando fazia caminhada pelo calçadão, não só não acatou a sugestão dos agentes, como humilhou-os e ainda rasgou a multa recebida pela infração.
O desembargador, em que pese seu nível cultural e de informação, desconhece que um dos maiores riscos ao sair de casa, mesmo que para a prática de atividade física, é o fato de que a grande maioria das pessoas infectadas pelo novo coronavírus -- aproximadamente 80% -- são assintomáticas.
Daí os apelos para que as pessoas ao praticarem atividades físicas fora de casa usem a proteção.
Os especialistas, por sinal, já preveem que no pós-pandemia a prática de exercícios ao ar livre ganhará muitos adeptos.
Os longos períodos de confinamento, sem ver o sol e sem contato com a natureza certamente levarão mais pessoas para áreas públicas para praticar todo tipo de exercícios.
Muitos educadores físicos já perceberam essa tendência e acreditam que, com equipamentos adequados, será possível ir além das caminhadas e das corridas, abrindo a possibilidade de se executar também trabalhos de força.
Para essa nova opção, vai contribuir inclusive a queda no nível de renda da população após a pandemia.
Todos estarão atrás de um estilo de vida mais saudável após este período tão conturbado.