Limpeza necessária
No último sábado, algumas dezenas de adultos, jovens e crianças participaram de uma ação de limpeza em trechos das margens do rio Sorocaba, no Parque das Águas e na praça da Biodiversidade. Recolheram até o final do dia aproximadamente 150 sacos de lixo além de móveis velhos, colchões entre outros materiais que lotaram dois caminhões.
Eles foram pioneiros na cidade de um projeto que vem ganhando corpo em todo mundo chamado de Dia Mundial de Limpeza (World Cleanup Day). Inicialmente, o evento era chamado de Dia Mundial de Limpeza de Praias e tinha como foco minimizar os problemas gerados pela presença de lixo nos oceanos.
O objetivo do evento evoluiu e hoje é realizado em mais de 150 países e não atinge somente cidades litorâneas. Voluntários se mobilizam para a limpeza de suas cidades, bairros, praias, praças e parques.
Transformou-se em uma grande ação que simboliza a necessidade de conscientização da sociedade para um problema maior do descarte irregular de resíduos sólidos urbanos.
O Dia da Limpeza tem sua origem no litoral do Texas, Estados Unidos, onde uma organização não governamental promoveu em 1986 uma ação de limpeza de praia reunindo 2.800 voluntários que recolheram com as mãos 124 toneladas de lixo.
Dois anos depois, a ideia se propagou e o evento se tornou nacional, com 47.500 voluntários e em 1989 se tornou internacional e contou também com voluntários do México e Canadá. O evento foi crescendo e hoje é realizado em 157 países, com apoio oficial de vários governos.
No Brasil, recebe apoio do Ministério do Meio Ambiente que, em parceria com a Marinha, promoveu uma série de ações em todo o País. Foi realizado também um seminário no Rio de Janeiro sobre o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, projeto lançado no mês de março pelo governo federal.
No encontro foram abordados temas como as práticas de recuperação do lixo e a melhoria dos resíduos sólidos urbanos. A participação do Ministério no Dia Mundial da Limpeza inclui ações de conscientização, elaboração de vídeos educativos para escolas, seminários e palestras sobre o tema, além das atividades práticas realizadas no sábado.
O Dia Mundial da Limpeza propiciou a criação de uma rede mundial de voluntários e ativistas. Milhares deles participaram durante o sábado em praias e rios de diversos pontos do planeta de ações para retirar o lixo e chamar atenção para a poluição.
Houve adesão de voluntários em muitos países asiáticos, onde o grande problema é a poluição por plástico. De acordo com um relatório da ONU, no ano passado 79% do plástico produzido no mundo foi descartado e apenas uma fração minúscula desse total foi reutilizado ou destruído de maneira correta, apesar da possibilidade de reciclagem. Calcula-se que dos 9 bilhões de toneladas de plástico produzidas no mundo, somente 9% foram reciclados.
A poluição dos mares, principalmente por embalagens plásticas, tira o sono dos pesquisadores. Há gigantescas ilhas flutuantes formadas por esses resíduos em vários oceanos e além de provocar a morte de algumas espécies que ficam enroscadas em pedaços desse material, o microplástico está entrando na cadeia alimentar de várias delas.
Está provado que 80% do lixo que chega até o mar é proveniente do continente, por conta da má gestão dos resíduos sólidos, do descarte de lixo em locais inadequados e da falta de reciclagem daquilo que pode ser reciclado.
Pesa muito o mau hábito da população de descartar lixo e material plástico na rua, de onde são levados para o rio mais próximo na primeira chuva e de lá, para o oceano.
É fundamental trabalhar pela conscientização da população com relação ao encaminhamento adequado do lixo, pois só assim conseguiremos preservar nossos ecossistemas marinhos e costeiros. E é nesse ponto que agem os voluntários do Dia Mundial da Limpeza.
Percorrendo praias, praças, margens de rios recolhendo lixo e plástico e, principalmente, dando o exemplo.