Lixo e entulho

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Reportagem publicada por este jornal mostra que os moradores de vários bairros da zona norte da cidade, entre eles São Guilherme, Jardim Maria Eugênia, Santo Amaro e Flamboyant estão indignados com o abandono do parque que permeia os três bairros e que inicialmente se chamava Parque Linear Flamboyant, inaugurado em 2015, e que mais recentemente recebeu o nome de Parque Santi Pegoretti, em homenagem ao esportista ilustre.

O mato está alto devido à irregularidade das roçagens, mas o que mais chama a atenção de quem passa por aquele local, que deveria estar sempre em boas condições para oferecer lazer aos moradores, é a grande quantidade de lixo e entulho jogado em várias partes do parque.

Os moradores desses bairros têm toda a razão de cobrar a Prefeitura para que realize uma roçagem mais constante do mato que cresce rápido neste período de chuvas. Também têm razão em exigir manutenção adequada para a pista de caminhada que margeia o parque linear, local muito procurado para quem faz exercícios físicos, mas deveria indignar-se, na mesma proporção, com o descarte de lixo, entulho e até móveis que estão espalhados por todos os lados.

Esses materiais não aparecem ali sozinhos. É resultado do desleixo de uma parcela de moradores que não têm o menor respeito pelo espaço comum e depositam ali restos de construção ou móveis velhos como se fosse um depósito de lixo. E o descarte ilegal de entulho e lixo, evidentemente, não ocorre só naquele parque ou naquela região da cidade.

Pode-se encontrar em praticamente todos os bairros que têm praças, áreas verdes e parques restos de construção e até móveis descartados sem a menor cerimônia por uma minoria de moradores que não têm o menor respeito para com aqueles que moram perto dessas áreas e gostariam de vê-las sempre limpas e não locais onde se reproduzem insetos, mosquitos e roedores.

Talvez parte da responsabilidade pela proliferação de locais onde se jogam entulho caiba à Prefeitura, uma vez que ela desativou, há mais de um ano, os ecopontos, locais onde eram colocados caçambas para que a população depositasse pequenas quantidades de entulho, resultado de pequenas reformas, ou aparas de jardins, sem precisar contratar uma empresa especializada.

Os ecopontos, entretanto, em vez de se tornarem uma solução, se transformaram em problema, pois a população começou a jogar de tudo nesses locais, muito acima da capacidade das caçambas, inclusive depositando lixo e animais mortos.

Estávamos assistindo ao surgimento de mais de uma dezena de lixões em vários bairros da cidade. Por esse motivo a Prefeitura determinou a desativação dos ecopontos, mas aí a situação ficou pior, pois os antigos locais continuaram por muito tempo sendo depósito de coisas inservíveis e restos de construção.

A cidade chegou a ter 21 ecopontos, que foram sendo fechados aos poucos, atendendo às reclamações dos moradores incomodados com o verdadeiro depósito de lixo em que estavam se transformando. Na última fase restaram somente três ecopontos, que mesmo desativados continuaram a receber lixo e restos de construção, para o desespero da vizinhança.

O crescente número de casos de dengue, que aumenta a cada semana, mostra que Sorocaba novamente está enfrentando uma epidemia da doença e uma parcela da responsabilidade pela presença do mosquito em todas as regiões da cidade é também daqueles que jogam entulho e lixo em locais indevidos.

A Prefeitura tenta minimizar o problema com equipes percorrendo bairros para retirar entulho, lixo e objetos que servem para a reprodução do Aedes aegypti. Levantamento da Vigilância Epidemiológica e da Zoonoses encontraram do início do ano até o dia 24 de janeiro mais de mil criadouros do mosquito em residências, muitas delas de pessoas já infectadas pela doença. Durante todo o ano passado as esquipes da Secretaria da Saúde removeram 585 toneladas de criadouros do mosquito de quintais e terrenos urbanos.

É preciso uma atenção maior com relação a esse descarte irregular de entulho e lixo pela cidade. Há legislação municipal específica para isso que prevê multa para infratores. Só que eles precisam ser identificados. Como fiscalizar toda a cidade é difícil, a Prefeitura de Sorocaba poderia implantar um sistema semelhante ao usado pela Urbes, o WhatsApp Denúncia por meio do qual a empresa pública desloca equipes de trânsito para multar motoristas após denúncias de moradores enviadas por meio digital.

O morador, com esse sistema, poderia fotografar o infrator com o celular e enviar para a Prefeitura, de preferência mostrando a placa do veículo. Quando assistimos à multiplicação dos casos de dengue, todo esforço é válido, inclusive o uso de tecnologia para combater a propagação do mosquito, além e deixar a cidade mais limpa e agradável.