Novos hábitos

Depois de quase sete meses de notícias preocupantes sobre a pandemia causada pelo novo coronavírus, os brasileiros começam a receber algumas informações animadoras que dão sinais do recuo da pandemia em território nacional nos próximos meses.

Colabora para esse clima positivo, principalmente no Estado de São Paulo, a classificação na fase amarela de praticamente todas as regiões de saúde do Estado, o que equivale a uma realidade muito próxima ao normal no que diz respeito à abertura do comércio e serviços, sobretudo bares, lanchonetes e restaurantes.

Essa quase normalidade, entretanto, transmite a falsa impressão de que a pandemia é coisa do passado.

Colaboram para essa sensação também alguns dados positivos divulgados nos últimos dias.

De acordo com levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a média diária de mortes por Covid-19 nos últimos sete dias chegou na sexta-feira (25) a 687,86 casos, o que equivale a uma queda de 10,35% em relação a sexta-feira anterior, quando haviam sido registradas 787,29 mortes em média.

Essa média móvel é calculada somando-se o número de mortes no intervalo de sete dias e dividindo o total por sete. Assim evita-se o impacto das oscilações diárias.

Trata-se de uma queda acentuada e promissora. O pico de mortes foi atingido em 25 de julho, com 1.095,14 casos. As pesquisas também mostram tendência de queda na média móvel do número de casos.

São animadoras também algumas reportagens publicadas nos últimos dias sobre a pandemia. No sábado (26), deixou o hospital de campanha montado no Ibirapuera, na capital paulista, o último paciente vítima da Covid -19.

Os funcionários criaram um clima festivo, com balões e cartazes, para se despedir do paciente, um senhor de 70 anos, o último entre quase 3.200 internados naquele local.

O paciente ficou internado por dez dias e faz parte do grupo de risco, por ser idoso, hipertenso e cardiopata. O hospital de campanha do Ibirapuera foi o último a encerrar atividades na cidade de São Paulo.

Antes dele foram fechados os hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, ambos montados para acomodar a grande leva de pacientes da Região Metropolitana de São Paulo nos primeiros meses da pandemia.

Realmente são notícias positivas que mostram, mesmo diante de pequenos recuos como os registrados em Sorocaba, com o aumento da ocupação de leitos tanto clínicos como de UTI em vários hospitais, ocorre uma queda na pandemia.

Mas ainda falta muita informação sobre o novo coronavírus e sobre a Covid-19 e suas consequências, apesar das centenas de cientistas que neste momento estão debruçados sobre estudos a ele relacionados.

Não se sabe ainda por que algumas pessoas têm apenas sintomas leves da doença ou nenhum sintoma, enquanto outras precisam inclusive de tratamento rigoroso.

Hoje existem dezenas de pesquisadores tentando descobrir um medicamento para a Covid-19 e pelo menos 160 pesquisas em desenvolvimento para chegar a vacinas. Algumas delas estão bastante adiantadas, já em fase de testes.

Outro problema que preocupa as autoridades da saúde é a questão da “segunda onda” da doença que estaria se manifestando em países que já passaram a pior fase da pandemia, como China, Espanha e Itália.

Alguns desses países estão adotando novamente quarentenas rigorosas para impedir o aumento do número de casos, principalmente com a chegada do outono no hemisfério norte.

Países que foram considerados exemplos no combate à Covid-19 há alguns meses sofrem agora com a segunda onda da doença, como é o caso da Austrália e Japão, por exemplo, que trabalharam muito bem a questão do isolamento quando a pandemia chegou, tiveram um número baixo de infectados, mas agora estão enfrentando novos casos e terão que adotar medidas duras de isolamento.

É preciso ter sempre em mente que apesar dos indicadores positivos no Brasil, aproximadamente 1 milhão de pessoas já morreram vítimas da pandemia em todo o mundo e mais de 33 milhões de pessoas foram infectadas.

O Brasil registrou 141 mil mortes e 4,7 milhões de infectados, com uma taxa de letalidade de 3%, segundo o Ministério da Saúde.

Por esse motivo, é preciso que a população mantenha os procedimentos básicos para evitar a propagação do coronavírus, mesmo nesta fase.

O uso de máscara de proteção facial é imprescindível, assim como o distanciamento social. As pessoas precisam entender que é necessário evitar aglomerações e manter o hábito de lavar as mãos com frequência e utilizar álcool em gel quando isso não for possível.

São medidas, simples, mas que precisam ser incorporadas ao cotidiano das pessoas daqui para frente enquanto não houver uma vacina, mesmo com notícias positivas sobre a retração da pandemia.