O futuro prefeito e seus desafios

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Terminou no último domingo, em todo território nacional, a segunda etapa das eleições municipais deste ano. Foram eleitos em segundo turno prefeitos de 57 municípios com mais de 200 mil eleitores e desta vez, depois de uma bateria de testes e a devida proteção contra hackers, o sistema eletrônico de apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) funcionou perfeitamente e, duas horas após o fechamento das urnas, praticamente todas as cidades onde foi realizado o pleito já conheciam os nomes daqueles que as dirigirão pelos próximos quatro anos.

As eleições deste ano foram atípicas por conta da pandemia do novo coronavírus que ainda afeta boa parte da população. As datas foram alteradas, o horário de votação foi ligeiramente ampliado e foram tomadas em todas as seções eleitorais cuidados sanitários importantes, para evitar a contaminação. Chama atenção o número de votos brancos, nulos e as abstenções em todo o País. Tivemos os maiores índices de abstenção das últimas décadas. E em Sorocaba, não foi diferente. O prefeito eleito Rodrigo Manga (Republicanos) conseguiu 153.228 votos e sua oponente, a atual prefeita Jaqueline Coutinho (PSL), 138.201. Votos brancos, nulos e as abstenções somados no município ultrapassam a 194 mil, muito superior aos votos de qualquer um dos concorrentes. Somente o número de abstenções, 138.912, foi superior aos votos obtidos por Jaqueline. É evidente que muita gente deixou de comparecer aos locais de votação por conta do medo de contágio, embora não se tenha registrado aglomerações dignas de nota em locais de votação. Havia muito menos gente nas seções eleitorais do que em supermercados da cidade.

Eleito democraticamente, o futuro prefeito terá uma dura missão a partir do dia 1º de janeiro de 2021, pois são inúmeros os problemas que o esperam. Acabou o período de promessas e soluções fáceis das campanhas eleitorais. Se aproxima a hora de colocar os pés no chão e enfrentar os gigantescos desafios que vêm pela frente. O principal deles e que foi muito debatido durante a campanha eleitoral diz respeito a área da saúde.

Um dia após as eleições e conseguir eleger seu candidato na capital paulista, o governador João Doria, de maneira absolutamente oportunista, fez regredir todo o Estado para a fase amarela, mais restritiva, em resposta ao aumento do número de internações nos hospitais do Estado. Ele negava até o dia anterior que alguma medida nesse sentido seria tomada. O aumento de casos e mortes já ocorria há algum tempo, mas a medida foi deixada para o dia 30 de novembro, para evitar desgaste eleitoral, evidentemente. O recrudescimento da pandemia já era perceptível em Sorocaba há algum tempo. Até o último sábado, a cidade tinha todas as vagas e UTI para Covid totalmente ocupadas nos hospitais públicos. O futuro prefeito terá que estar preparado para, daqui um mês, enfrentar eventual aumento de casos da doença no município, criar alternativas para atendimento dos pacientes, assim como reduzir drasticamente as filas gigantescas de consultas de especialidades e exames postergados por conta da pandemia, uma tecla que ele bateu insistentemente durante a campanha.

Na área da Educação, os desafios também serão imensos. Se as escolas particulares e até mesmo a gigantesca rede estadual conseguiram bem ou mal criar um sistema alternativo de aulas on-line para atender seus alunos durante a quarentena, o mesmo não se pode dizer da rede municipal. Durante boa parte dos meses de isolamento social mais rigoroso, pouco se fez para atender os alunos em casa. Alternativas pouco produtivas só foram apresentadas há algumas semanas e, dessa forma, houve grande prejuízo no aprendizado dos estudantes. Esse atraso terá que ser recuperado no ano que vem.

O transporte coletivo também se encontra em um momento delicado em Sorocaba. O projeto BRT, cujas tratativas começaram no governo anterior a esta administração, não foi concluído durante o governo Crespo/Jaqueline Coutinho. Apenas um dos eixos, o da avenida Itavuvu, foi concluído e não se sabe exatamente o que deverá ficar pronto até o final deste mês, com muitas obras ainda em andamento na avenida Ipanema. Dependerá do próximo governo definir o ritmo e a escolha das novas fases da obra que foi concebida para mudar o sistema de transporte público da cidade.

Esses são apenas alguns dos desafios que o futuro prefeito terá que enfrentar já no início de seu governo daqui a um mês. Antes disso, terá que escolher o quadro de auxiliares que comporão seu secretariado e demais cargos de confiança que, segundo seus pronunciamentos até agora, será composto exclusivamente por técnicos em cada área. Terá um mês para organizar as primeiras ações e se preparar para um ano que promete ser difícil para todos.