Polícia nos bairros

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A redescentralização das companhias da Polícia Militar é considerada uma etapa essencial do projeto de equidade da segurança pública -- e, por conseguinte, da qualidade de vida -- para todas as regiões de Sorocaba. Reivindicada há quase cinco anos por todos os setores da sociedade e anunciada diversas vezes pelo governo estadual, a transferência de três das cinco unidades operacionais do município da sede do 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I) -- no Cerrado -- para instalações localizadas em outros dois bairros foi, enfim, confirmada na semana passada.

O organograma da Polícia Militar é suficiente para explicar a razão da ênfase atribuída à reaproximação física da estrutura da corporação com as zonas mais periféricas da cidade. De acordo com o site da PM, são as companhias operacionais que possuem os efetivos, as viaturas e os equipamentos. Em outras palavras, são as companhias que, no dia a dia, permanecem próximas do cidadão, seja no patrulhamento, nos eventos ou nos conselhos comunitários.

Ainda conforme a publicação oficial da polícia paulista, são as companhias que cumprem todas as missões de policiamento emanadas dos comandos da corporação. A página eletrônica até acrescenta um exemplo esclarecedor: quando o cidadão telefona para o 190, os fatos narrados por ele -- desde denúncia de tráfico e baile funk a acidente de trânsito e furto -- são imediatamente repassados para as guarnições nas viaturas pertencentes à companhia responsável pela região da cidade de onde partiu o chamado. Ou seja, quanto mais próximo da ocorrência estiver a guarnição, mais ágil e eficiente será o atendimento.

Durante muitos anos, apesar de algumas dificuldades, o 7º BPM/I manteve suas unidades operacionais distribuídas pelas diversas zonas do município. A Primeira Companhia ficava no bairro Júlio de Mesquita (zona oeste); a Segunda, na avenida Itavuvu (zona norte); a Terceira, localizada no Jardim Paulistano -- voltada ao trânsito e ao policiamento na região central --; a Quarta, na Vila Haro (zona leste); e a Quinta, no bairro Trujillo (atendendo à zona sul). Em agosto de 2015, no entanto, enveredando na contramão do conceito definido pela própria Secretaria Estadual da Segurança Pública, as quatro unidades locadas nos bairros foram removidas e centralizadas no quartel do batalhão.

A opinião pública -- incluindo os representantes dos Conselhos de Segurança (Consegs) -- reagiu imediatamente, condenando o rearranjo. Na época, o então prefeito, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), garantiu que a iniciativa partiu do Comando de Policiamento do Interior (CPI-7) e que não teria havido, por parte do município, “qualquer ordem de despejo”. Segundo ele, a Prefeitura não cogitava suspender o custeio dos aluguéis dos prédios utilizados como sedes das companhias.

O equívoco da concentração das unidades em um único local ficou patente nos contratempos de logística e em todo o encadeamento decorrente, incluindo dispêndios de tempo e combustíveis, assim como o esforço extra dos policiais para atender à população da melhor forma possível. Felizmente, a corporação decidiu pela correção de rumo e o ansiado retorno das companhias aos bairros foi anunciado no dia 3 de outubro de 2019, pelo tenente-coronel Aleksander Toaldo Lacerda, comandante do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7).

Por fim, o êxito da proposta de realocação das companhias operacionais da PM sorocabana foi confirmado na semana passada. Conforme destacou o jornal Cruzeiro do Sul, na quinta-feira (9), o atendimento do antigo pleito é resultado de parceria entre a Prefeitura de Sorocaba e a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). Por meio de decretos assinados pela prefeita Jaqueline Coutinho, o município cedeu dois imóveis gratuitamente por cinco anos. As instalações, sugeridas pelo comandante do CPI-7 e pelo comandante do 7º BPM/I, tenente-coronel Fernando de Agrella, são o prédio onde funcionou o antigo refeitório dos servidores públicos municipais -- ao lado do Paço Municipal, no Alto da Boa Vista -- e as construções que abrigaram o restaurante e a administração do aeroclube local, na Vila Angélica. O primeiro receberá receber a Quarta Companhia, cabendo ao outro abrigar, conjuntamente, a Primeira e a Segunda companhias.

Conforme o acordo celebrado entre a administração municipal e o governo estadual, as três companhias devem estar operacionais nos novos endereços dentro de até dois meses. A expectativa, agora, é quanto à efetivação do deliberado.