Revitalização do Centro

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Em mais de uma ocasião usamos este espaço para cobrar a revitalização da região central de Sorocaba. Os problemas naquele espaço nobre da cidade são grandes, mas nada que não possa ser superado desde que se criem projetos viáveis. A Prefeitura de Sorocaba deu na última segunda-feira o primeiro passo para esse trabalho e começou de maneira positiva: com uma audiência pública realizada nas dependências da Fundec. Além de dar início à discussão do tema, o encontro desta semana definiu que serão realizadas câmaras temáticas para debater a revitalização da área central a partir de abril. Ficou decidido também que a agenda dos próximos encontros será publicada em um site específico e permitirá que pessoas interessadas enviem sugestões sobre o tema e respondam pesquisa de opinião.

O prefeito José Crespo (DEM), que participou do primeiro encontro, declarou que o Centro ficou esvaziado nas últimas décadas e sua revitalização ocorrerá com as sugestões da comunidade. A ideia é iniciar uma fase de estudos e análises para transformar aquela região onde existe toda a infraestrutura, em um local mais agradável, que possa ser frequentado com segurança a qualquer hora, com atrações culturais, entretenimento, acessibilidade e transporte mais eficiente. As propostas ainda deverão ser apresentadas e as câmaras técnicas que as estudarão em detalhes sequer foram formadas, mas existem algumas linhas que poderão ser aprimoradas e aplicadas, divulgou a Prefeitura. Entre elas estão o estímulo do parcelamento dos imóveis e a aplicação do imposto progressivo para promover a ocupação de áreas não edificadas ou subutilizadas. Também existe a intenção de se estudar alguns incentivos à preservação dos bens tombados, um problema antigo que sempre prejudica os proprietários de imóveis com valor histórico.

Como já foi comentado neste espaço quando tratamos de incentivar a revitalização da área central, é preciso direcionar esforços para que a região volte a ser habitada com diversos padrões de moradias e sejam dados incentivos para atividades econômicas fora do chamado horário comercial, atraindo investimentos para a implantação de restaurantes, cafeterias e outros tipos de estabelecimentos comerciais que possam funcionar no período noturno, ou seja, o aprimoramento das atividades produtivas daquela área. Algumas instituições, como a própria Fundec, onde foi realizada a reunião, a Biblioteca Infantil e algumas escolas heroicamente mantêm suas atividades no Centro atraindo estudantes e público para suas atividades. Mas para aumentar o interesse pela região é necessário também melhorar as calçadas tornando-as mais largas e acessíveis a pessoas com deficiência, melhorar a iluminação, a segurança. É preciso recuperar áreas que estão abandonadas ou subutilizadas e que foram degradadas nos últimos anos.

Há inúmeros exemplos bem-sucedidos de restauração de regiões degradadas. Algumas se tornaram cartões-postais das cidades. Um exemplo famoso é a região de Puerto Madero, em Buenos Aires, uma área portuária abandonada que com investimentos pesados se transformou na região mais badalada e segura da cidade, abrigando ótimos restaurantes, universidades, livrarias e hotéis. No Rio de Janeiro temos o Porto Maravilha, também uma antiga região portuária degradada. Incentivada pelos Jogos Olímpicos de 2016, toda a região foi revitalizada, inclusive com a demolição de um elevado que contribuía para a degradação da região. Foram instalados equipamentos culturais como o Museu do Amanhã e Museu de Arte do Rio (MAR), um bulevar para pedestres, integração com meios de transportes e a recuperação do patrimônio histórico. O resultado é que o local se transformou no novo polo de atração de turistas no Rio.

Sorocaba tem muitos prédios de valor histórico que precisam ser revitalizados, a começar pelo Palacete Scarpa que abriga a Secretaria de Esportes. A restauração do Mosteiro de São Bento e construções anexas também precisa ser concluída, assim como o prédio do Fórum Velho.

A revitalização do Centro é um trabalho complexo, vai requerer recursos e a comunidade precisará ser ouvida em suas reivindicações. Por isso, não pode ser um projeto de uma única administração. É preciso que tenha apoio do Legislativo e que tenha continuidade ao longo dos anos, com os próximos prefeitos. Caso contrário, tudo poderá voltar à estaca zero.