Transporte por aplicativos

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Os aplicativos são um fenômeno mundial e estão mudando a forma de se fazer negócios ao redor do mundo, com maior ou menor grau de sucesso dependendo do país e de suas condições econômicas. Essa tecnologia está alterando hábitos arraigados nas mais diversas áreas como transportes, alimentação, movimentações financeiras, compras, entre outras tarefas que agora podem ser resolvidas com alguns toques em um aparelho na palma da mão. No Brasil, os aplicativos de transporte têm enorme aceitação e fazem muito sucesso possivelmente porque chegaram a uma região onde o transporte individual não é acessível a todos e há problemas crônicos no transporte coletivo. Sem burocracia tanto para motoristas como para passageiros, facilidade de pagamento automático em cartão de crédito e preços aceitáveis fizeram com que os aplicativos de transporte levassem muitos a rever sua maneira de locomoção. Não são poucas pessoas que já venderam seus automóveis para se deslocar exclusivamente pelos veículos de aplicativos. O preço dos combustíveis, problemas com o trânsito cada vez mais congestionado, a falta de locais para estacionamento são alguns argumentos utilizados por pessoas que estão abrindo mão de seus veículos particulares. Em Sorocaba, milhares de pessoas já se habituaram a conseguir transporte com alguns toques no celular e descobriram que até economicamente eles são vantajosos para boa parte dos usuários. Se o proprietário de um carro colocar na ponta do lápis o que gasta com impostos, seguro, manutenção do veículo, revisões, combustíveis e depreciação verá que andar de aplicativo possivelmente será mais barato.

O aumento de inscritos nesses programas também têm aumentado o número de financiamentos de veículos e também o faturamento de empresas especializadas no aluguel de carros, pois muitos motoristas, não tendo um carro próprio para trabalhar, alugam o veículo e pagam as locadoras por mês. Um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) deste ano mostra que há no Brasil 600 mil motoristas inscritos nos programas de transporte apenas no aplicativo mais conhecido e o principal motivo do crescimento desse número de filiados é o alto desemprego e as facilidades que a empresa oferece para quem pretende aderir a esse sistema de transportes. Pioneira no setor e a maior empresa do ramo, a Uber foi criada em 2010 e se tornou um fenômeno mundial em menos de uma década. Mais que isso. Segundo economistas, a empresa é responsável pelo fenômeno mundial chamado de “uberização” das relações econômicas, isto é, a alteração na forma como intermediários gerenciam seus negócios. Após sua fundação, o mercado assistiu a uma explosão de aplicativos com soluções similares às da empresa.

Em Sorocaba, de acordo com informações da Associação de Sorocaba e Região dos Motoristas por Aplicativos Privados, há 4,5 mil profissionais atuando, ou seja, milhares de novos profissionais do volante atuando nas ruas, a maioria vinda de outras profissões sem qualquer relação com transportes ou automóveis. Essa onda de novos profissionais cria novas situações no trânsito. É perceptível que muitos deles não têm muita intimidade com o volante, dirigem como principiantes, o que leva insegurança aos passageiros. Outros desconhecem completamente o trânsito e as ruas da cidade, guiando-se exclusivamente pelo navegador do aplicativo, que muitas vezes não é confiável ou está desatualizado. São contratempos que certamente poderiam ser rapidamente superados se houvesse algum tipo de treinamento e atualização profissional por parte da empresa.

Outro problema que começa a assustar tanto motoristas como usuários do transporte são os assaltos. Eles têm ocorrido com frequência e preocupando a categoria. Há alguns anos, uma das profissões que mais corriam risco de assaltos era a dos taxistas, pois trabalhavam durante toda a noite e madrugada, eram chamados em locais distantes e praticamente não podiam escolher os passageiros. Segundo levantamento da Urbes do mês de setembro havia 323 táxis em operação na cidade. Com mais de 4,5 mil motoristas de aplicativos nas ruas, é evidente que estes se tornaram os mais vulneráveis. Mas como o transporte por aplicativo se baseia em tecnologia e conectividade, é através delas que os motoristas poderão conseguir mais segurança. As empresas podem exigir mais informações dos usuários cadastrados, inclusive fotos, e instalar câmeras internas nos veículos. Os motoristas já têm a opção de rejeitar a corridas ou não aceitar aquelas que não forem pagas com cartão de crédito. Tudo depende de adaptar as novas tecnologias para oferecer maior segurança ao sistema.