A melhor idade está cada vez mais conectada
Atualmente, a expansão da era digital tornou o uso da tecnologia cada vez mais necessário e abriu um leque de possibilidades, por exemplo: fazer quase todas as transações financeiras nos aplicativos dos bancos, aplicativos para pedir táxi, comida, marcar exames e consultas, aprender idiomas, conhecer pessoas, entre muitas outras tarefas.
Portanto, é quase impossível levar uma vida hoje em dia sem o uso do celular. Embora essas atividades sejam vistas como comuns entre os mais jovens, o uso da internet, das redes sociais e dos aplicativos tem se tornado, cada vez mais, interesse das pessoas mais velhas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), de 2008 para 2013, o porcentual de idosos que navegam na internet passou de 5,7% para 12,6%. Ainda segundo o instituto, até 2025 haverá no Brasil cerca de 31,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos, a sexta maior população de idosos no mundo.
Quem são esses idosos?
Nos últimos oito anos, o Brasil ganhou 4,8 milhões de internautas da terceira idade. Em 2008, eram apenas 360 mil; no momento presente, são mais de cinco milhões de usuários com mais de 60 anos, como também um mercado que movimenta mais de R$ 330 bilhões por ano.
Um estudo realizado pela Universidade de Michigan aponta que os idosos norte-americanos estão usando a internet para manter a lucidez, a saúde física e mental, além de combater a solidão.
Então, a rede cibernética se comporta como um antídoto contra o sentimento de abandono e solidão, que geralmente afeta as pessoas mais velhas, conforme a pesquisa realizada com 591 idosos, com idade média de 68 anos, na qual foram observadas as vantagens do uso do Facebook, Twitter, Skype, e-mail e chats.
De acordo com a informação científica publicada na revista “CyberPsychology, Behavior and Social Networking”, a lenda de que a cultura digital marca a segmentação de gerações está chegando ao fim.
Mais de 95% dos idosos participantes afirmaram estar “satisfeito” ou “muito satisfeito” na relação com a tecnologia e 72% se dizem favoráveis a aprender a utilizar novas ferramentas.
Portanto, foram registradas algumas das vantagens do uso da internet para os idosos, como: a diminuição da sensação de solidão, o aumento da satisfação e autoestima, a redução de sintomas de depressão e efeitos benéficos em doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.
O professor de Psicologia William Chopik, responsável pelo estudo, comenta — “manter relações estreitas com outras pessoas influencia a saúde física, e a tecnologia social ajuda a cultivar relações bem-sucedidas”.
Zezé Teixeira, de 83 anos, certamente é um exemplo dessa geração antenada.
Não consegue ficar um dia sem entrar no “Face”, como chama a maior rede social do mundo.
Caso vá a uma festa, registra o evento no ato pelo site. Se algo diferente acontece na sua rotina, é no Facebook que compartilha ao mundo. É também a rede que ela utiliza quando precisa conversar com amigas e familiares.
— Gosto de conversar e de escrever, então gosto muito da interação pela rede. Adoro quando as pessoas compartilham, curtem ou comentam algo que publiquei — descreve Zezé, mãe de seis filhos, tia de 14 sobrinhos e avó de seis netos, que vive em Niterói, no Grande Rio. — Quando preciso me distrair ou falar com a família, vou para o “Face”, e pronto.
O conhecimento adquirido através da internet
Hildebrando Siqueira tem 100 anos e não vive sem o iPad! Segundo ele, o Google é seu melhor amigo. Além disso, ele também faz inglês pela internet, onde também não só se reconecta com o passado, mas com o presente e, principalmente, com o futuro.
Depois que seus netos apresentaram o iPad, Hildebrando deu fim à sua exclusão digital há quatro anos. Hoje, é mais conectado que todos os jovens e levou os irmãos mais novos, um com 95 anos e outra com 81 anos, a viver em eterna lua de mel com o ciberespaço. Constantemente fazem guerra para mostrar quem é o mais conectado e antenado.
Em entrevista por e-mail para o portal Projeto Colabora, Hildebrando conta que a internet mudou sua vida, e para melhor. Além da comunicação com amigos e familiares, ele se sente conectado e não mais ausente à tecnologia atual.
“Dou muito trabalho ao Google, pois não paro de perguntar, são muitas as dúvidas. Faço aulas de inglês para principiantes, pois nunca saio desse estágio (risos). Escuto músicas no YouTube, que me estimulou a fazer aula de canto. Também jogo Candy Crush. Faço uso constante do FaceTime, que chamo de “Cara a Cara”, onde faço contato com amigos e familiares no Brasil e no mundo”, enumera.
Outro exemplo de como a internet tem revolucionado a vida de pessoas idosas é a da cabeleireira Sonia Nesi, de 70 anos, que não aceitou ficar distante do mundo virtual e decidiu ser youtuber!
A mãe de dois filhos e avó de três netos criou um canal chamado “Fazendo a cabeça, com Sonia Nesi” em que ela dá dicas de beleza e cuidados com os cabelos por meio de transformações visuais.
Dicas e cuidados com a internet
Entretanto, para alguns idosos a tarefa de se aventurar na era digital não é tão simples quanto pode parecer. Portanto, para auxiliá-los a se aprofundar nos mecanismos virtuais, a CECAP oferece o curso Redes Sociais para Melhor Idade.
Este curso é aplicado pela instrutora Andresa Vergílio e é direcionado para a Terceira Idade que entrará na era digital para explorar os principais aplicativos como WhatsApp, Facebook, Instagram, Google e portais de conteúdo, utilizando a internet via smartphone ou desktop.
Primordialmente, o curso possui uma linguagem simples e de fácil entendimento, com atividades lúdicas e práticas.
Além de aprender essas novas ferramentas de comunicação e fazer novas amizades, o curso estimulará o consumo de informação e entretenimento no mundo virtual de forma segura e prática.
No final, permitirá ao participante a interação com as demais gerações, reforçando o seu vínculo afetivo com filhos, sobrinhos e netos.
O acesso à informação como uma promoção da saúde do idoso é uma nova forma de vida. A possibilidade de acessar a internet e consumir conteúdos, segundo os idosos citados nesse texto, os deixam mais contentes e permitem se sentirem mais participativos do mundo virtual.
Por isso, gera-se uma sensação de participação da vida em comunidade e nos ajuda a construir uma sociedade mais respeitosa com os idosos. Afinal, eles estão se conectando.