Alunos, pais e professores relatam dificuldades no ensino a distância
Há quase um mês, os mais de 160 mil alunos da rede estadual de educação na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) retomaram as atividades de maneira remota, tendo como apoio vídeoaulas transmitidas nos canais digitais 2.2, da TV Univesp, e 2.3, da TV Educação, as atividades do aplicativo do Centro de Mídias SP (CMSP) e materiais complementares impressos e distribuídos pelas escolas. Diante da nova realidade, estudantes, pais e até professores relatam as dificuldades relacionadas ao ensino a distância em meio à pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, ao longo das últimas duas semanas estudantes de todas as séries receberam um kit complementar de atividades de português e matemática, além de gibis para as séries iniciais. Conforme divulgado, foram gastos aproximadamente R$ 1 milhão para produzir o material complementar entregue na RMS, que foi distribuído de maneira escalonada pelas escolas. A pasta ainda explicou que uma segunda etapa de entregas será feita na próxima semana para atender aqueles que não conseguiram buscar os itens. “Nós não podemos fazer uma entrega de uma só vez, porque isso pode gerar aglomeração nas unidades. Quem não conseguiu agora, nós vamos ligar para os pais, ou responsáveis e agendar em um novo momento,” declarou o diretor regional de ensino de Sorocaba, Marco Bugni.
Dúvidas e incertezas
Mesmo com a entrega das atividades adicionais, Alessandra Recheegil Fernandes, 40 anos, teme que o filho acabe recebendo uma educação inferior ao esperado por conta do novo modelo de aulas remotas. “Os professores estão respondendo dúvidas pelo Google class, Porém estão simplesmente jogando material em avaliação sem ensinar muito bem”, relata.
Ryan Pierre Fernandes e Silva, 17 anos, está no terceiro ano do ensino médio. Às vésperas de prestar as provas do vestibular, o adolescente conta que além do que foi disponibilizado pela escola, segue complementando com conteúdos gratuitos da internet. “Estou estudando me baseando no conteúdo que precisa ser passado no 3º ano e com isso procuro vídeos no YouTube e sites sobre o assunto”, afirma. Ele destaca as diferenças sociais que separam os alunos da rede, “Eu ainda tenho esse privilégio de ter outros meios para buscar esse estudo, mas essa não é a realidade de muitos”, avalia.
O dirigente regional Marco Bugni garante que a pasta vem tentando minimizar a questão das diferenças sociais entre os alunos. “A gente não poderia não fazer nada, por isso foram criadas essas três estratégias, para que eles pudessem acompanhar o conteúdo por telefone, na televisão, ou no material impresso por nós. Vale ressaltar que o estudante não precisa ter internet para acessar as aulas, basta que alguém na residência tenha um aparelho”, esclarece Bugni. Segundo divulgado pelo governo do Estado, cerca de 90% dos estudantes das escolas públicas estaduais têm acesso ao conteúdo, seja por meio das vídeoaulas na televisão e no CMSP. O grupo remanescente será atendido por meio de material enviado pelas escolas.
Os desafios impostos sem aviso prévio pela pandemia do novo coronavírus também são sentidos pelos educadores. Para a professora de geografia, Yolanda Bezerra de Menezes, 45 anos, a maior dificuldade tem sido se adaptar a essa nova realidade virtual. “Uma aula remota não substituiu a sala de aula com um professor, isso é fato. Nós teremos prejuízos na educação, por isso vamos ter que correr atrás para aprender como trabalhar nesse momento”, afirma.
Ainda segundo a Secretaria Estadual de Educação, além do material complementar, cada unidade escolar pode enviar atividades e conteúdos extras para os alunos neste período de aulas remotas. A pasta não descartou a possibilidade da entrega de um novo kit, que dependerá da ampliação da quarentena no Estado de São Paulo. (Wesley Gonsalves)