Economista e empresários avaliam nova fase vermelha
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Com a regressão de Sorocaba da fase laranja para a vermelha no Plano São Paulo da flexibilização da economia, a partir de segunda-feira (25), economista, empresários e representantes de setores ouvidos ontem (22) pelo jornal Cruzeiro do Sul são convergentes em três pontos: as autoridades de saúde estão corretas; a economia vai sofrer; e todos estão pagando pelos erros e inconsequências de alguns.
“Obviamente, teremos impactos negativos na economia e a recuperação fica mais longa”, avalia o economista e professor Renato Garcia. “Mas não tem alternativa. Temos que respeitar a decisão. Infelizmente muitas pessoas ainda não se conscientizaram que a epidemia não acabou. Que usar máscara e evitar festas e encontros, por exemplo, é algo extremamente necessário. Se as pessoas não ajudarem em suas ações, a recuperação da economia fica cada vez mais tardia”, adverte. “A gente não pode achar que a vacina vai resolver tudo rapidamente. Provavelmente, vai levar um tempo até conseguirmos vacinar o número necessário de pessoas”, acrescenta.
Para o diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), regional de Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, a situação já era esperada. “Durante os últimos dias, a gente estava acompanhado os níveis altíssimos do número de internação e de contaminados. Mas o maior problema disso tudo é a imprevisibilidade”, argumenta. “De um modo geral, a economia já estava em recuperação em V, mas ainda meio pisando em pântanos. Não sabemos para onde iremos”, lembra.
“Tudo isso vem colaborando para um cenário não tão bom para a indústria, para o trabalhador, para o setor do comércio. Temos uma dificuldade imensa de saber o que vai acontecer daqui 15, 30 dias. Essa não-previsibilidade afeta não só a indústria, afeta também a vida do trabalhador”, continua. “A curto prazo, para o setor industrial, não chega a afetar diretamente. Mas se você começa a diminuir o consumo, o comércio, o serviços e a construção civil, começa a afetar lá na frente a indústria. Se isso persistir, acaba tendo reflexo para todo mundo”, lembra.
O empresário afirmou que uma das preocupações com o fechamento das atividades é que setores que não são potenciais transmissores acabam sendo impactados com as medidas. “O ponto maior de proliferação é onde não se consegue controlar”, afirma citando, por exemplo, os chamados pancadões.
O empresário e presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), Sérgio Reze, vê a situação adotada pelo Estado como consequência da irresponsabilidade das pessoas que se recusam a seguir os protocolos sanitários e de saúde determinado pelas autoridades. “São pessoas que não respeitam certas regras de convivência. Isso acaba prejudicando uma loja de shopping, por exemplo. Acaba prejudicando todo mundo”, garante.
Reze foi enfático quando questionado sobre as ações de fiscalização. “Com tranquilidade, falta fiscalização”, diz. “Tem que haver uma colaboração geral. O que está acontecendo são as consequências das festas do fim de ano. É complicado”, acrescenta. Por fim, ele deixa um recado para todos -- incluindo as pessoas que não seguem os protocolos. “Vamos esperar vacinar. Depois a gente terá um pouco mais de liberdade”, termina. (Marcel Scinocca)