Em um ano, multas por excesso de velocidade aumentam 37%
Mesmo com a pandemia, as multas por excesso de velocidade em Sorocaba aumentaram até 37%, em 2020, na comparação com 2019. Por outro lado, as infrações por falar ao celular enquanto dirige e conduzir o veículo sem cinto de segurança apresentaram redução na mesma comparação de períodos. As informações foram divulgadas pela Urbes após solicitação do Cruzeiro do Sul.
De acordo com o levantamento, a infração por transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% foi de 78.167 autuações, em 2019, para 90.805, em 2020. Aumento de 16%. Essa foi a infração mais cometida pelos motoristas em vias da cidade nos últimos dois anos, tanto em 2019, quanto em 2020.
O aumento foi maior quando a infração diz respeito a transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50%. O número partiu de 11.551 autuações, em 2019, para 15.804, em 2020. A situação representa aumento de 37%.
Situação preocupante
O sorocabano está com mais pressa ou está mais imprudente? Independente da resposta, para o especialista em trânsito e mobilidade urbana, Renato Campestrini, a situação é preocupante. “Esses dados nos preocupam muito e ratificam a informação anterior divulgado pelo jornal Cruzeiro do Sul, de que o número de sinistros vem diminuindo, mas o de óbitos tem aumentado”, diz com referência a matéria publicada em 7 de janeiro, mostrando aumento de 24% no número de mortes em acidentes de trânsito na cidade, em 2020, na comparação com 2019.
“A velocidade é um dos principais fatores de riscos do trânsito, e nos surpreende que mesmo Sorocaba sendo uma cidade que possui equipamentos medidores de velocidade do tipo fixo, instalados nos mesmos pontos há vários anos, e ainda assim o número de registros tem aumentado. Nos causa apreensão em relação ao que ocorre onde ela não existe e os riscos que os usuários das vias correm”, acrescenta.
Ele frisa que o desrespeito ao limite de velocidade acima de 50%, além de caracterizar uma infração de natureza gravíssima, com multa pecuniária de R$ 880,41 acarreta suspensão do direito de dirigir do condutor. Entretanto, faz um alerta. “Devido as alterações nas regras de trânsito a partir de 12 de abril deste ano, com flexibilização na pontuação, é possível que o número de infrações por excesso de velocidade venha a aumentar.”
Uso de celular e falta de cinto
Por outro lado, apesar de os dados ainda inspirarem atenção, houve redução em duas infrações de trânsito bastante comum de se visualizar nas ruas de Sorocaba: dirigir falando ao celular ou sem cinto de segurança. Conforme esses números, o ato de dirigir veículo segurando telefone celular rendeu 7.471 autuações, em 2019. No ano passado, caiu para 5.981. A redução foi de 20% no período comparado.
Já o ato do condutor dirigir sem usar o cinto segurança, que teve 13.307 autuações, em 2019, sendo a segunda mais cometida no ano, caiu para 11.252, em 2020. A queda foi de 15,5%.
“A redução no número de registros de infrações pelo uso/manuseio do celular ao conduzir, e falta do uso do cinto de segurança, podem estar atrelados à proibição da Justiça Federal do uso do sistema de videomonitoramento para infrações que ocorrem no interior dos veículos como essas. Quando se retira uma forma de fiscalizar, a tendência é que os números diminuam”, justifica Campestrini.
Ele ainda lembra que por conta da pandemia, por um breve período, experimentamos a diminuição no número de veículos em trânsito nas vias, mas logo no mês de abril as vias passaram a receber cada vez mais veículos de pessoas que tem receio em utilizar o transporte coletivo. “Tal fato retira esse entendimento de que as autuações diminuíram por conta de se ter menos veículos nas vias, até porque, em qualquer via movimentada da cidade, um cidadão atento, e conhecedor das regras básicas de trânsito, não demora a identificar um considerável desrespeito a tais regras”, afirma.
Multas
No geral, o número de infrações aplicadas em 2020 foi menor que em 2019. De acordo com a Urbes, caiu de 189.168, para 181.662. A redução foi de quase 4%. Houve redução também e de forma mais expressiva -- na arrecadação da Urbes. O valor que foi de R$ 23.564.063,34, em 2019, passou para R$ 18.223.697,48 no ano seguinte. Nesse caso, a queda foi de 22,5%. (Marcel Scinocca)