Quatro entidades deixam comitê de retomada econômica de Sorocaba
Quatro entidades sorocabanas deixaram o Comitê de Estudos da Retomada Gradual da Atividade Econômica. A decisão da Associação dos Arquitetos e Engenheiros de Sorocaba (AEAS), Associação Comercial, Ciesp Sorocaba e do Sincomerciários foi comunicada quarta-feira (15). Juntas, as entidades representam mais de 15 mil empresas, que geram cerca de 50 mil empregos diretos e correspondem a 15% do PIB de Sorocaba.
Antes, em 7 de julho, as entidades entregaram um manifesto à prefeita Jaqueline Coutinho (PSL), ressaltando que diversas propostas enviadas não foram analisadas, que a estrutura do Comitê perdeu o seu objetivo ao longo da pandemia e que não recebem as informações, bem como as estratégias previstas, para que possam repassar aos seus associados. Além disso, não são incluídas em processos decisórios de relevância do enfrentamento da Covid-19.
“As pautas não estão sendo definidas com os objetivos da Prefeitura manifestados pela Presidência do Comitê. Não somos meros espectadores nem temos propensão para papéis figurativos. Não é nossa função cumprir ritual de formalização de presença e mera aprovação de atas ou muito menos sermos usados pura e simplesmente como meio de manobra de interesses políticos como se tem sido observado com a presença de membros do Legislativo. Estes não fazem parte do grupo ou poder de decisão”, diz parte do documento.
O manifesto diz ainda que não há que se falar em pandemia sem considerar os reflexos à economia da cidade e seu setor produtivo. “As entidades entendem pela necessidade de uma atuação conjunta com o Comitê Gestor da Crise, uma vez que essa integração jamais ocorreu, não tendo as entidades recebido informação alguma acerca das decisões ou linhas de análise com vistas a definições futuras, evidenciando-se a falta de planejamento e liderança ao se traçar uma estratégia definitiva no enfrentamento dessa crise.”
Um proposta de retorno gradual da economia, antes do Plano São Paulo, que rege as matrizes para a retomada, foi enviada pelas entidades, mas sequer foi analisada pelo secretário de Planejamento, Maurício Mota, conforme o documento encaminhado. O manifesto ainda cita que houve desencontro de informações entre o discutido em reuniões e nas publicações da imprensa.
O presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso) comentou a decisão. Conforme Sérgio Reze, as possibilidades de diálogo com o Executivo, por parte das entendidas, continuam abertas. “Sem dúvida alguma. É que o Poder Público não tem nos procurado”, afirma. Conforme ele, a única reunião em que houve a participação da prefeita, foi apenas na ocasião da criação do Comitê.
Reze ainda disse que o grupo pretende continuar fortalecendo ações em prol da economia da cidade. “Do ponto de vista econômico, vamos tentar fazer por nós. Vamos procurar os bancos e ver qual é a orientação de suas matrizes. O que pode ser feito e o que não pode. Temos que encontrar uma forma de ajudar o comércio”, comenta -- lembrando que a ideia era fazer isso em conjunto com o Executivo. A pequena indústria, conforme Reze, também necessita de ajuda das instituições financeiras.
Faltou autonomia
A Prefeitura de Sorocaba comentou a saída do Comitê pelas entidades, dizendo receber com respeito o manifesto de insatisfação e afirmando entender a frustração de seus pares. “Cabe, porém, esclarecer que, assim como os representantes, o Poder Público quando instituiu o comitê esperava ter mais autonomia para decidir os rumos da retomada econômica local; fato que não ocorreu com o Plano São Paulo, lançado pelo governo Doria”, afirma, se referindo à administração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
[irp posts="271426" ]
A nota da Prefeitura também fala em limites e responsabilidades do Poder Público. “Esta gestão tem prezado pela legalidade e justiça e o rompimento com esses valores, mediante a divulgação de informações privilegiadas, significaria colocar a Prefeitura de Sorocaba num processo de infração de um dos pilares constitucionais que rege o poder público, a impessoalidade”, ressalta.
O documento, de forma veemente, afirmou que discorda da acusação de uso político do comitê. “Pois em nenhum momento os trabalhos do grupo foram lastro para suas decisões, sendo tratados de forma discreta e documentadas em um processo público.” (Marcel Scinocca, colaborou Wesley Gonsalves)