Escrevente preso chegou a receber R$ 10 mil para alterar sentença, diz Polícia
O titular da Dise, delegado Rodrigo Ayres. Foto: Emídio Marques (16/07/2019)
O escrevente do Fórum de Sorocaba, preso acusado de vender sentenças, chegou a receber R$ 10 mil para supostamente alterar uma condenação judicial. A informação é da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), que está à frente do caso. A prisão do funcionário público ocorreu na manhã desta quinta-feira (22), em Piraju, onde ele estava escondido.
O homem foi detido em Piraju, onde estava escondido. Crédito da foto: Divulgação (22/8/2019)
Segundo o delegado Rodrigo Ayres, o acusado procurava as pessoas envolvidas em processos judicias. Ele se oferecia para alterar sentenças em troca de dinheiro. Seis vítimas foram identificadas, mas apenas duas delas chegaram a pagar ao homem pelo "serviço". Não há confirmação de que ele de fato tenha alterado alguma decisão, já que esse trabalho é de competência dos juízes.
No caso das duas vítimas que chegaram a efetuar pagamento, o que mais chamou a atenção foi o de um réu em processo por extorsão. Conforme Ayres, o escrevente procurou a mãe do réu e chegou a receber R$ 10 mil por transferência bancária. Porém, apesar do pagamento, o acusado acabou sendo condenado a 30 anos de prisão em razão dos crimes.
Ainda de acordo com o delegado, o homem atuava há pelo menos um ano. Porém, o delegado espera que mais vítimas do acusado procurem a polícia após a sua prisão. A Dise investiga ainda a participação de mais pessoas no crime.
O escrevente será autuado por concussão, que é o nome dado à extorsão praticada por funcionário público. A pena prevista no Código Penal é de dois a oito anos de reclusão. Por estar envolvido em outras investigações em andamento, ele não teve seu nome revelado pela polícia.
Acusado atuava no Fórum há 26 anos
O escrevente, de 52 anos, atuava há 26 anos no Fórum de Sorocaba, em cartório criminal. Ele estava afastado das atividades do Judiciário em razão de processo administrativo em que é investigado pela mesma conduta irregular.
Os policiais iniciaram a investigação sobre o caso há um ano, quando perceberam que envolvidos em prisões feitas pela Dise tinham informações privilegiadas sobre fatos que ocorriam no Fórum. O acusado teve a prisão preventiva decretada, mas o monitoramento dos investigadores apontava que ele não estava na sua casa, em Sorocaba.
O funcionário público atuava em cartório criminal do Fórum de Sorocaba. Foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS
O funcionário público foi preso na manhã desta quinta-feira (22), em Piraju, com o apoio da polícia local. Ele tinha familiares na cidade e foi encontrado na casa de um amigo.
Segundo a Dise, ele não resistiu à prisão. O homem será trazido à delegacia em Sorocaba, onde será ouvido pelo delegado. Depois, será encaminhado à sua casa, no Jardim Gonçalves, onde acompanhará os policiais no cumprimento do mandado de busca. Posteriormente, será encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba. (Da Redação)
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