Exercícios ao ar livre exigem cuidados
A cena de pessoas caminhando, correndo ou pedalando em parques e praças de Sorocaba, principalmente nos finais da tarde, continua sendo comum, apesar das recomendações das autoridades de saúde em manter o isolamento social para achatar a curva de contágio por Covid-19. Mas afinal, fazer exercícios físicos ao ar livre é ou não seguro e adequado durante a pandemia?
Para a médica infectologista Marina Jabur, que atende no Hospital Evangélico de Sorocaba, a prática regular de exercícios físicos é importante para a saúde e pode ser mantida durante a pandemia, em espaços abertos, desde que respeitado o distanciamento físico para evitar a propagação do vírus. “O ideal é que sejam realizadas práticas em locais abertos, mantendo-se uma distância mínima de dois metros entre as pessoas, uso de máscara 100% do tempo, antes de retirar a máscara para tomar água, deve-se higienizar as mãos. Também devemos higienizar as mãos após tocar superficies ou antes de levar as mãos aos olhos, boca e nariz”, orienta. As pessoas com febre, tosse e dificuldade em respirar, suspeitas ou confirmadas com Covid-19, não podem sair para essa prática, acrescenta a médica.
Higienizar equipamentos
Quanto a equipamentos de uso compartilhado, como as bicicletas públicas e os aparelhos de ginástica das academias ao ar livre instaladas em parques e praças, a médica pondera que seria necessário uma forma efetiva de higienização. “Mas ao higienizar o aparelho, a pessoa pode se contaminar ou não higienizar corretamente. Portanto, se esse processo não estiver muito bem estabelecido, recomenda-se que não estejam liberados para uso”, assinala Marina. A infectologista também alerta para que cada praticante leve a sua própria garrafa de água para não precisar usar bebedouros.
Apesar de ser recomendada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) durante a pandemia, “especialmente em momentos de estresse como o que enfrentamos neste momento”, a prática de exercícios físicos ao ar livre é alvo de dúvidas de parte da população, já que imagens de pessoas correndo ou caminhando em espaços públicos tem sido frequentemente mostradas em reportagens televisivas para ilustrar matérias sobre quebra do isolamento social.
Um dos maiores riscos ao sair de casa, ainda que para praticar atividade física, é o fato de que em torno de 80% das pessoas infectadas pelo coronavírus serem assintomáticas, apontam estudos. Por isso, as palavras de ordem ao fazer exercícios fora de casa são responsabilidade e bom senso.
A médica Marina afirma que a definição de saúde não significa apenas a ausência de doença. Por isso, o exercício físico se mostra essencial para o corpo e para a saúde mental.
Aulas personalizadas
Com as academias fechadas por decreto do governo estadual, o momento obrigou muitos praticantes de atividades físicas e educadores físicos e se reinventarem. É o caso da personal trainner Ana Cristina D’Angelo que, logo no começo da quarentena migrou o atendimento aos seus alunos, que já era individualizado, para um novo espaço: o Parque do Paço, no Alto da Boa Vista.
No horário agendado, Ana Cristina se encontra com o aluno para dar as aulas. Para tanto, o seu carro se transformou em uma espécie de academia móvel, com o porta-malas lotado de diversos equipamentos como pesos, alteres, bola, colchonete que são fornecidos aos alunos. Todo material, garante ela, é higienizado com álcool 70º antes e depois de cada uso.
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O atendimento no novo espaço está sujeito às condições do tempo e, em casos de chuva, os treinamentos podem ser transferidos para a casa do aluno. Aluna de Ana Cristina há sete anos, a psicóloga Carolina Gomes Duarte aprovou a decisão de substituir as paredes da academia pelo parque. “Mesmo depois que passar a pandemia eu vou querer continuar fazendo as aulas ao ar livre”, afirma. (Felipe Shikama)