Falta de medicamentos para a sedação preocupa o CRF-SP

Por Ana Claudia Martins

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Pacientes internados em UTI dependem de medicamentos sedativos. Crédito da foto: Federico Parra / AFP

A falta de medicamentos para sedação em hospitais públicos e privados, inclusive aqueles usados para a intubação da pacientes Covid, preocupa o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP).

Segundo a entidade, os estoques de medicamentos sedativos, fundamentais para pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), estão perto do limite considerado seguro por médicos no Estado de São Paulo.

Em Sorocaba, a situação também preocupa a Santa Casa de Sorocaba. Conforme nota do próprio hospital, o estoque de medicamentos utilizados na UTI Covid-19 é suficiente para uma semana.

O Cruzeiro do Sul questionou a Prefeitura de Sorocaba a respeito, já que o hospital possui contrato com o município e é referência na saúde municipal para atendimento de pacientes Covid na cidade.

“A falta de sedativos é um desafio para todo o País neste momento. A Prefeitura de Sorocaba está dando todo suporte à Santa Casa e outras conveniadas, no enfrentamento desse período tão difícil”, informou.

Já a direção da Santa Casa de Sorocaba informa que o hospital está trabalhando dia e noite na aquisição de mais medicamentos.

A nota enviada pela direção do hospital informa ainda que a situação vivida pela Santa Casa da cidade é a mesma de outros hospitais públicos e privados do País, que também estão está com dificuldade para comprar medicamentos utilizados na UTI Covid-19.

O Cruzeiro do Sul também questionou o governo estadual a respeito, por conta dos dois hospitais estaduais da cidade: o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e Hospital Regional Adib Jatene.

Segundo o governo estadual, os hospitais estaduais estão abastecidos. “Com o recrudescimento da pandemia, a Secretaria de Estado da Saúde intensificou o monitoramento dos estoques de insumos e medicamentos, incluindo os utilizados em pacientes intubados em unidades hospitalares para atendimento aos casos de Covid-19. Os hospitais estaduais estão abastecidos”, informa.

“É fundamental que os gestores dos demais serviços de saúde que compõem as redes pública e privada de saúde mantenham o monitoramento da sua demanda, utilizem racionalmente estes produtos e otimizem medidas para garantir assistência a quem precisa”, informa o Estado.

Públicos e privados

Na semana passada, o CRF-SP reuniu-se, de forma virtual, com a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado, órgão ligado à Secretaria Estadual da Saúde, para manifestar a preocupação da entidade com a possibilidade de desabastecimento de medicamentos administrados em pacientes internados em hospitais paulistas para o tratamento da Covid-19.

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo com 234 farmacêuticos ligados a hospitais públicos, filantrópicos e privados revela que alguns já registram falta de remédios.

Conforme os dados, de 43 hospitais públicos pesquisados, 32 declararam que há falta de algum tipo de medicação. Já entre os 103 hospitais particulares consultados, 77 apontam falta de remédio.

A reunião ocorreu após solicitação do CRF-SP para apresentar, ao órgão estadual, os dados coletados em levantamento realizado com farmacêuticos atuantes na área hospitalar, entre 6 de fevereiro e 3 de março de 2021, sobre o abastecimento de medicamentos.

De acordo com o CRF-SP, o levantamento revelou que 77% dos que responderam o questionário disseram que há problemas de desabastecimento de medicamentos em seus locais de trabalho. Entre os principais motivos apresentados estão escassez de mercado e alta demanda não esperada.

Entre os medicamentos citados estão midazolam, fentanil e propofol, que são utilizados para a sedação de pacientes em UTI. Também há falta de neurobloqueadores musculares como atracúrio, rocurônio, cisatracúrio, utilizados em procedimentos que demandam anestesia. (Ana Cláudia Martins)