Família recorre à OEA para analisar caso de mulher morta em 2011
A família de uma mulher morta após internação em clínica psiquiátrica em Salto de Pirapora recorreu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio da Defensoria Pública do Estado. Segundo Rosana Maria Dell’Agnese, a família espera que o caso seja analisado pela organização internacional.
Rosana afirma que a irmã, Eliana Delaneze, morreu aos 44 anos, após um período de internação de 10 dias em uma clínica psiquiátrica de Salto de Pirapora, em agosto de 2011, ou seja, há nove anos. Desde então, a família espera que a morte de Eliana seja devidamente esclarecida, já que os familiares suspeitam de “maus-tratos, excesso de medicação e até tortura”.
Conforme Rosana, a irmã foi diagnosticada com esquizofrenia aos 18 anos, e desde então passou por várias internações em hospitais psiquiátricos de São Paulo, Sorocaba, Itapetininga, e por último em uma clínica de Salto de Pirapora.
Rosana conta que a irmã costumava ter crises a cada nove anos em média e, durante alguns períodos, necessitava de internação. Apesar das internações e das dificuldades, Eliana sempre voltava para a casa. Mas, depois da última internação em uma clínica psiquiátrica, ela acabou sendo encaminhada para a Santa Casa de Salto de Pirapora, onde faleceu. “A causa oficial apontada foi insuficiência respiratória/pneumonia. Porém, Eliana morreu por excesso de medicação e maus-tratos, que a levou a uma falência múltipla dos órgãos”, diz a irmã.
Rosana afirma ainda que quando visitou a irmã na clínica ela estava muito debilitada, com marcas de supostas agressões e completamente dopada por medicamentos. “Antes de ir para a clínica, ela estava em perfeito estado de saúde física, forte, corada, porém perturbada. Dias depois da última internação fui visitá-la e conversar com a equipe médica. Foi muito chocante vê-la naquelas condições”, diz.
A Santa Casa de Salto de Pirapora foi questionada sobre o assunto, mas não houve retorno. Já a Prefeitura Municipal informou que a clínica psiquiátrica onde Eliana foi internada fechou em 2018, e que na época dos fatos, o local tinha convênio com o Estado.
“Eliana era uma menina sorriso, alegre, não esquecia a data de aniversário de nenhum dos familiares. Escrevia muitos diários, onde anotava seu cotidiano, suas angústias, alegrias e sonhos”, relembra a irmã, que espera por justiça. (Ana Cláudia Martins)