Funcionários denunciam AlmavivA do Brasil, em Itu, por ameaça e assédio moral
Funcionários da empresa AlmavivA do Brasil, uma das maiores no setor de contact center e de relacionamento com o cliente, afirmam estar sofrendo assédio moral e ameaças, além de terem perdido o plano de saúde desde o último dia 28 de fevereiro, sem aviso prévio.
A denúncia em questão foi realizada por três funcionários, entre eles operadores e atendentes, para a filial localizada em Itu, no interior de São Paulo, que possui quase três mil colaboradores de teleatendimento ao Banco Bradesco. Nesta localização, a AlmavivA adquiriu a antiga Fidelity em janeiro de 2020, quando os problemas teriam começado a surgir.
As pessoas ouvidas pela reportagem, que preferiram não se identificar por medo de represálias, estão registradas como CLT há mais de oito anos e afirmam que, além de estarem sem plano de saúde em meio à pandemia de coronavírus, supervisores e pessoas com cargos mais altos mantiveram o benefício, algo irregular segundo o advogado Domingos Nunes Neto.
“A compra de uma empresa por outra não é justificativa a validar modificações que sejam prejudiciais aos empregados. Nesse aspecto, o plano de saúde não poderia ser suprimido, já que o benefício acaba por ‘complementar’ a remuneração do empregado. Manter o plano a determinados empregados, diferenciando dos demais apenas por conta de exercerem cargo de supervisão, também é irregular. Em regra geral, sua concessão não pode ser suprimida sem anuência do empregado”, afirmou.
Existe, inclusive, um grupo anônimo no Facebook chamado “SOS Operadores Alma Morta”, com publicações diárias sobre a questão dos planos de saúde e outros problemas.
Outras denúncias
Os funcionários também afirmaram sofrer com ameaças e assédio moral por parte de superiores. Um dos exemplos recorrentes é o de não conseguirem utilizar o banheiro sem sofrerem pressão para retornarem, assim como não poderem discordar de nenhum chefe sob pena de advertência escrita. Após determinado número de chamadas, o empregado é demitido por justa causa, como os denunciantes afirmaram ter ocorrido por diversas vezes desde o ano passado.
“A prática da empresa passa a ser irregular quando se utiliza de punições indevidas, assim entendendo advertências e suspensões disciplinares sem fundamentos consistentes, com o fito de imputar conduta desidiosa ao empregado, objetivando sua dispensa por justa causa”, disse o advogado.
Nunes ainda informou que o funcionário pode aplicar uma ação judicial se comprovado que os motivos que causaram a demissão não estão em consonância com os ditames do artigo 482 da CLT. Além disso, o profissional indicou que a cobrança por produtividade é permitida, no entanto, deve-se haver “bom senso e razoabilidade”, sendo que “a ‘vigilância’ do uso dos banheiros jamais pode ocorrer”.
Houve ainda outras denúncias, como a retirada de ginástica laboral há mais de um ano, com vários funcionários queixando-se de problemas adquiridos no emprego, além de complicações com escala de trabalho e pagamento incorreto de horas extras.
Outro lado
Em comunicado enviado ao Jornal Cruzeiro, a AlmavivA do Brasil informou que não houve retirada de plano de saúde para os colaboradores, mas “uma migração para um programa mais completo de benefícios de saúde, que inclui atendimentos em ambulatórios, clínicas, hospitais, laboratórios, telemedicina, plataforma de orientação psicológica, clínicas odontológicas, acompanhamento de doenças crônicas e descontos em medicamentos nas farmácias, estendido aos familiares, dependentes diretos e indiretos”.
Sobre isso, os funcionários que denunciaram a instituição informaram sobre essa plataforma, chamada “Seu Cuidado”, mostrando áudios gravados com atendentes reiterando diversas vezes que não se tratava de um plano de saúde.
A empresa também posicionou-se contra “comportamentos que envolvem ameaças e assédio moral e trabalha de maneira contínua para que os seus gestores atuem de acordo com suas diretrizes”, informando que existe uma ouvidoria interna disponível para os empregados, com sigilo e confidencialidade.
“Uma vez identificada qualquer ação que contrarie seus valores, por meio de processo de apuração interna, os responsáveis são reorientados e, no caso de recorrência, podem ser desligados da organização”, finaliza a nota. (Marina Bufon)