Instalação de bloqueadores de ar em hidrômetros volta à pauta da Câmara
A Câmara deverá analisar na sessão ordinária de hoje, em segunda discussão, o projeto de lei que autoriza a colocação de bloqueadores de ar nos hidrômetros de todos os imóveis de Sorocaba. Consumidores ouvidos pelo Cruzeiro do Sul relatam que o equipamento que retém ar de hidrômetros funciona e pode gerar economia na conta de água acima de 60%. O debate em torno do tema é grande e o engenheiro e professor Marco Pontes analisou a questão de forma técnica.
Já o vereador Hélio Brasileiro (MDB), autor do projeto, defende a eficácia do equipamento. Na terça-feira (3), ao Cruzeiro do Sul, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) afirmou que a economia com o uso do dispositivo não passa de 2% e ainda elencou outros entraves para a questão.
O engenheiro Marco Pontes afirma que quando não há água na tubulação, o espaço será preenchido com ar e isso será medido. “Quando você retorna com essa circulação de água, com certeza esse ar a mais ser empurrado, Então, ele tem força para movimentar o hidrômetro. E aí, pode haver uma medida de ar até que a água retorne em toda a tubulação”, comenta. “É possível se estar pagando por água que você não recebeu”, diz.
Pontes lembra que o problema é maior onde há constantes interrupções no abastecimento. Ele salienta que a economia com a colocação das válvulas será maior nos locais onde há falta de água com frequência. “Nesses casos, com a falta de água, haverá períodos com ‘leitura de ar’”, garante.
Ele ainda estima que a redução na medição deve ser em torno de 15%, mais que a frequência poderá influenciar. Pontes defendeu a necessidade homologação dos equipamentos. “Não dá para colocar um equipamento qualquer”, afirma.
A empresária Bárbara Brexo Kirchner, que com a ajuda do marido inventou e patenteou um bloqueador de retenção de ar, conta que vende o produto para o Brasil inteiro. Alías, conforme conta ela, as vendas do produto têm aumentado tanto que, pela internet, já vendeu para fora do País, para o Uruguai, por exemplo. “A procura é constante e só aumenta”, diz. Ela garante que o produto, feito de PVC rígido ou polipropileno, realmente diminui a conta de água. Outra garantia que ela dá, além da garantia técnica de cinco anos do produto, é que não há influência no sabor e na qualidade da água.
Segundo ela, também não há necessidade de manutenção. Há sete anos atuando no mercado, ela conta que as vendas para moradores de Sorocaba tem aumentado nos últimos tempos e as reclamações com relação ao gasto com água também.
E foi exatamente pensando nesse gasto que o representando comercial Wagner Lima decidiu gastar aproximadamente R$ 40 em um equipamento de retenção de ar. Segundo ele, a economia veio no mês seguinte. “Pagava até R$ 270,00 na conta de água. Depois que instalei o equipamento, a conta mais alta foi de R$ 105,00”, conta o morador do Parque São Bento, em Sorocaba.
O mecânico de manutenção Ricardo Santos foi além. Depois de instalar o equipamento em sua chácara, em São Miguel Arcanjo, ele decidiu comprar o produtor e instalar. Virou renda extra. Cada instalação leva ao menos R$ 80 para a casa. “Dá um pouco de trabalho, mas compensa”, conta o morador do bairro Santo Antônio, em Votorantim. “É só ter o cuidado de instalar o equipamento dentro da casa, depois do hidrômetro”, alerta. “O equipamento tira o ar da rede. O ar é o vilão do tudo”, complementa.
Na edição de ontem do Cruzeiro do Sul, o Saae contestou o projeto e negou que o volume de ar corresponda a até 30% do volume de água cobrado, citando que este é de 2%. A autarquia também falou em questões burocráticas e sanitárias sobre a instalação.
Na Câmara
Na sessão ordinária de hoje da Câmara de Sorocaba, o projeto de lei que trata do tema é o primeiro da pauta e deve entrar em discussão no início da segunda parte dos trabalhos. O projeto de lei tem parecer favorável do Jurídico da Câmara e também de todas as comissões em que tramitou. Hélio Brasileiro defendeu ontem a eficácia do equipamento.
O parlamentar também comentou sobre a possibilidade de, após aprovado, o projeto ser vetado pelo Executivo. “Se for vetado, a gente vai derrubar o veto”, afirma. Em caso de se discutir a questão na Justiça, o vereador também acredita a Câmara sairá vencedora, já que o projeto é constitucional. Pelo projeto, os bloqueadores poderão ser instalados na tubulação apropriada, de cinco a 15 centímetros depois dos hidrômetros. (Marcel Scinocca)