Laudo do Ipem aponta hidrômetro fora do padrão em Sorocaba
Parte dos hidrômetros instalados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba podem estar em desconformidade com as normas técnicas. É o que aponta o laudo do Instituto de Pesos e Medidas do Estado São Paulo (Ipem).
Os dados foram divulgados pela Comissão de Acompanhamento da Contas do Saae, da Câmara de Sorocaba. As informações estão no relatório final dos trabalhos apresentado nesta segunda-feira (10), no gabinete do vereador Fausto Peres (Podemos), que preside a Comissão.
Segundo o vereador, o hidrômetro analisado apresenta medição correta. Porém, dentro do aparelho, havia uma válvula supressora de ar.
Isso fez com que o Instituto considerasse o aparelho desconforme com as normas técnicas. O laudo é de 8 de janeiro deste ano. A Câmara pagou cerca de R$ 2,6 mil pelo estudo.
Conforme o vereador, o próximo passo é pedir explicações sobre o motivo da presença da válvula. Já houve um pedido da comissão, porém, sem resposta por parte do Saae.
No relatório final, a Câmara quer saber quantos hidrômetros foram instalados com essa peça e recomenda que a autarquia não faça novas substituições. O relatório também será encaminhado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).
Prefeita determina apuração
Diante da divergência apresentada por laudos expedidos pelo Ipem, depois de ensaios realizados em hidrômetros enviados ao órgão pelo Saae e pela comissão especial da Câmara Municipal que cuida do assunto, a prefeita Jaqueline Coutinho determinou que a Corregedoria Geral do Município apure o caso. O governo também vai solicitar uma nova aferição pelo Ipem, além de questionar o órgão sobre o motivo da divergência dos seus laudos.
“Embora os laudos sejam conclusivos e unânimes no que diz respeito à aprovação da metrologia dos aparelhos analisados, ou seja, tanto os hidrômetros enviados pelo Saae como os pela Câmara apresentaram funcionamento normal, com medição do volume de água sem prejuízo algum para os munícipes, existe porém uma divergência em suas conclusões, que consideraram aprovados os cinco aparelhos enviados pela autarquia de Sorocaba, e reprovaram o hidrômetro enviado pela Câmara devido à presença de uma válvula anti retorno. Desta forma, para não pairar dúvidas, estou encaminhando o caso à Corregedoria Geral do Município para as devidas apurações e posterior parecer. Vamos também pedir que o IPEM realize novos ensaios nos aparelhos medidores utilizados em Sorocaba, bem como se explique sobre os motivos dos seus laudos apresentarem conclusões diferentes para o mesmo modelo de hidrômetro”, detalha a prefeita.
O diretor-geral do Saae, engenheiro Mauri Gião Pongitor, por sua vez, completa explicando que a válvula anti retorno é apenas um acessório que a autarquia solicitou que o fabricante acrescentasse aos hidrômetros, mas que acabou gerando a reprovação do IPEM num segundo laudo apresentado à Câmara. “Essa válvula anti retorno nada mais é do que um dispositivo que impede as inúmeras fraudes que constatamos nos hidrômetros instalados na cidade, com o objetivo de burlar a leitura e a medição do volume de água consumido mensalmente, fato que acarreta prejuízos consideráveis á receita do Saae, comprometendo a nossa capacidade de investimento do município em sua infraestrutura de saneamento, prejudicando portanto a própria população”, explica Mauri.
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O diretor-geral da autarquia lembra que numa das fraudes mais comuns constatadas diariamente, o hidrômetro é invertido de posição no cavalete, fazendo que o consumo de água seja negativo. “Com essa válvula, a água é impedida de passar pelo hidrômetro, assim como também é impossível introduzir objetos no aparelho medidor, que interferem no seu funcionamento e até mesmo provocam o seu travamento, em mais uma constatação de fraude”, destaca Mauri.
Ele lembra ainda que tanto os laudos que aprovaram os cinco hidrômetros enviados pelo Saae quanto o laudo encaminhado pela Câmara são assinados pelos mesmos dois engenheiros do Ipem. (Marcel Scinocca, com informações da Prefeitura de Sorocaba)