Locomotiva ‘Perseverança’ é recuperada em parceria

Por Jomar Bellini

O trabalho é executado por voluntários de uma entidade de preservação ferroviária de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (1/3/2021)

O trabalho é executado por voluntários de uma entidade de preservação ferroviária de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (1/3/2021)

A locomotiva a vapor Perseverança, exposta na área em frente à recepção do jornal Cruzeiro do Sul, no Alto da Boa Vista, em Sorocaba, está sendo recuperada para se manter conservada pelos próximos anos. O processo é fruto de uma parceria da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal, com a Associação Movimento de Preservação Ferroviária do Trecho Sorocabana (Sorocabana - Movimento de Preservação Ferroviária).

Encomendada pela extinta Companhia Cal junto à Baldwin Locomotive Works, dos Estados Unidos, no início do século XX, a locomotiva foi efetivamente utilizada pela Fábrica de Cimento Rodovalho, na atual cidade de Alumínio -- onde uma pequena ferrovia em “bitolinha” de 0,80m interligava as jazidas de cal da região de Inhaíba e a fábrica. Anos depois, essa empresa viria a ser adquirida pelas Indústrias Votorantim, que adaptou a locomotiva para a bitola de 1,00m.

Após a limpeza externa com detergente industrial e sabão, ontem (1º) foi realizado o polimento da locomotiva e revitalização das peças de bronze, como apito, válvula de emergência, cintas em volta da chaminé e placas. O trabalho, que durou cerca de três horas, consiste em aplicar um produto nas peças que ficam escuras com o tempo e voltam a ter a coloração original após o processo. “A restauração é feita com base na experiência que a associação tem nesse trabalho”, resume o vice-presidente da Sorocabana, Abílio Medeiros.

A técnica é a mesma aplicada nos itens do acervo da associação e também na Locomotiva 58, utilizada como trem turístico em Sorocaba. O próximo passo na restauração da Perseverança será a pintura das placas com o símbolo da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) e o nome da máquina. “O objetivo é preservar o patrimônio. Por mais que ela não seja tombada, é importante você manter um acervo histórico preservado. Com essa pequena manutenção, você mantém ela conservada”, explica Medeiros.

Outro voluntário que participou da restauração foi Carlos Mattos, que acompanha os trabalhos da associação há três anos. “É uma sensação muito prazerosa revitalizar algo que fez parte da história da região”, diz.

Após ser doada pelo historiador Otto Wey Netto, a maria-fumaça foi incorporada ao patrimônio da FUA no início da década de 1980. Restaurada, recebeu o nome de Perseverança, em homenagem ao pioneiro do transporte ferroviário Luís Mateus Maylasky (1838-1906), um dos fundadores da Estrada de Ferro Sorocabana (1875) e da Loja Maçônica Perseverança III (1869). Foi por iniciativa de 21 integrantes dessa loja maçônica que a FUA foi instituída, em 31 de julho de 1964. Em 2014, a locomotiva, de quase 11 toneladas, passou a ocupar área em frente à recepção do jornal Cruzeiro do Sul e pode ser vista pelos visitantes que passam pela avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes. (Jomar Bellini)