Lojistas de carros usados voltam a protestar nesta quinta (21)
Lojistas do setor de carros usados de Sorocaba realizarão hoje (21) o segundo protesto contra o aumento da alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O Governo do Estado determinou desde sexta-feira (15) que os setor pague alíquota de 5,5% sobre o valor de venda dos veículos usados. O porcentual anterior era de 1,8%. Em abril, a alíquota deverá ser reajustada para 3,9%. Segundo o Estado, trata-se de medida para restabelecer o equilíbrio fiscal.
O ato de hoje deverá ser iniciado às 8h30, no local onde ocorre o tradicional Feirão do Carro, próximo à rua Padre Madureira. A carreata deverá passar por várias vias da cidade e ser finalizada na pista de caminhada do Parque Campolim, por volta das 11h30. A manifestação deverá ocorrer em todo o Estado, sendo confirmada nas cidades de Campinas, Santos, Presidente Prudente e Ribeirão Preto, entre outras.
Danilo Silvério, da Silvério Multimarcas, acredita que o ato de hoje deverá ser maior que o primeiro, realizado em 9 de janeiro, e que já contou com 200 veículos. Ele foi um dos primeiros a incentivar a manifestação em Sorocaba. O empresário lembrou que após o protesto houve uma reunião para tratar do tema com a equipe econômica do Estado, mas não houve mudança com relação à decisão sobre o aumento. Silvério também lembrou que a situação poderá ocasionar o fechamento de lojas e a perda de empregos formais. “Tem muito fornecedor em volta do carro. A cadeia é muito grande”, lembra. “Poderá aumentar a informalidade, inviabilizar a atividade”, acrescenta.
À Cruzeiro FM 92,3, o gerente de vendas do Grupo Automec, Paulo Vieira Junior, afirmou ontem (20) que o aumento dificulta a sobrevivência das empresas. “Está muito difícil trabalhar”, afirma.
Segundo o governo de São Paulo, a medida é necessária para reequilibrar o orçamento devido às perdas de arrecadação com a pandemia do novo coronavírus. “O objetivo do ajuste fiscal é proporcionar ao Estado recursos para fazer frente às perdas causadas pela pandemia”, diz nota divulgada pelo governo estadual.
E é exatamente nesse ponto que rebate Luiz Reze, do Grupo Abrão Reze. Ele pediu mais conscientização dos governantes. “A intenção é realmente conscientizar o Poder Público de que eles precisam cortar despesas. Não dá para que todas vez que eles têm um problema fiscal, aumentar impostos. No caso do veículo usado, simplesmente acaba com o setor. Fica impossível trabalhar. Os impostos que eles estão propondo vão representar cerca de 60% da margem bruta que um carro proporciona”, diz
“Quem está bancando o sistema todo é quem está gerando emprego. Essa é a essência da revolta. O carro usado é o único bem usado que é taxado novamente. Inviabilizou negócio”, desabafa. Luiz Reze espera que com o movimento as coisas mudem, em se tratando da medida do Estado. “O governo fez a ação sem consultar o setor e nenhum corte de despesa significativo foi feito. Não dá mais. Se eles querem fazer o ajuste fiscal, cortem despesas”, conclui.
Sorocaba tem pelo menos 500 lojas de veículos usados, além de 20 concessionárias, que também atuam no ramo de usados, informa representantes do setor. A manifestação tem apoio da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). (Marcel Scinocca)