Mais 200 cães são removidos de canil clandestino em Piedade
*Atualizada às 12h15
Mais 200 cães foram transferidos do canil clandestino em Piedade entre esta quinta-feira (14) e o final da manhã desta sexta-feira (15), segundo estimativa da Polícia Ambiental. A transferência seguirá hoje durante todo o dia e deve ser concluída no sábado, por conta da grande quantidade de animais. Eles estão sendo levados para galpões do Instituto Luisa Mell, localizados em Mairiporã e Ribeirão Pires. O instituto tem autorização judicial para a retirada e a guarda provisória dos animais, que não estão para adoção.
Por volta das 11h, um ônibus chegou ao local com várias caixas de transporte animal para levar os cães em segurança. Dez voluntários trabalham hoje no local. Eles carregam os cachorros até o ônibus, já que o veículo não consegue descer até a entrada do canil por conta da chuva. Ontem, a ativista Luisa Mell esteve no local para acompanhar a situação.
Os animais maiores, como da raça chow-chow, estão sendo transportados de carro pelos voluntários. Há também uma veterinária do instituto fazendo o primeiro atendimento aos animais que estão em situação mais crítica.
https://www.youtube.com/watch?v=BY_o1p4GOic&feature=youtu.be
Telma Casselo, assessora do Instituto Luisa Mell, contou que ainda há cerca de 1.300 cães de pequeno e médio porte no local. Há animais muito sujos, cegos, com patas quebrada e comida e água suja. "Quando você olha superficialmente parece que a estrutura é ok, mas quando entra em contato com os animais percebe que eles sofriam maus tratos e estão muito assustados", diz.
Há também moradores de Piedade ajudando, trazendo caixas para ajudar no transporte. Gabriela Branco, 23, mora na cidade e está desde terça-feira participando de mobilização, principalmente pela internet, para fazer o resgate dos cães. "Estamos trazendo as caixas para ajudar. É muito triste saber o que acontecia aqui. Nunca poderíamos imaginar uma crueldade dessa."
Segundo voluntários que foram até onde ficaram os cães, há uma incineradora na sede do canil e um ex-funcionário conta que os animais que morriam era incinerados. Também havia muitos cachorros que ficavam isolados em gaiolas por meses, segundo o ex-funcionário.
https://youtu.be/z_p6PWAAjKM
Uma vizinha do canil relata que o local funciona há anos e que é comum, aos finais de semana, muitas visitas na propriedade. "Vem gente de várias cidades comprar cachorro aqui. A gente só vê esses carros de alto padrão, com placas de São Paulo, Belo Horizonte." Ela pediu sigilo no nome por conhecer a proprietária. A mulher conta que é frequente o cheiro ruim, de fogo, fortalecendo a denúncia de que os cães eram queimados. "A gente sempre sente o cheiro de pelo queimado", relata.
No local, o trabalho é acompanhado pela Polícia Ambiental e pela Guarda Civil Municipal. Pelo menos 46 dos 1.500 cães foram retirados do local já na quarta-feira (13) à noite, por estarem debilitados. Todos eram filhotes.
O laudo para comprovar os maus-tratos ainda não foi concluído. Somente após todo levantamento é que o caso será levado ao âmbito da Polícia Civil. Para cada animal vítima de maus-tratos, a multa pela Polícia Ambiental é de R$ 3 mil.
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Segundo a Polícia Ambiental, a demora em constatar a situação geral do canil ocorre pela necessidade de se ter laudos individuais dos animais. Outros aspectos também têm sido apurados, como o impacto ambiental por conta do escoamento de esgoto e de alvarás para funcionamento.
A Vigilância Sanitária de Piedade acompanha o trabalho no local. O estabelecimento foi interditado devido irregularidades constatadas por meio de denúncias à Polícia Ambiental, como: instalações inadequadas com falta de higiene e organização, tamanho das baias improvisadas, medicamentos vencidos, não possuir um veterinário responsável no local, dejetos escoados diretamente no solo e incineração em forno irregular.
A Diretoria de Tributos e Arrecadação informou que o canil não tem alvará de funcionamento, não recolhe impostos para o município e não tem inscrição municipal.
Boatos
A Prefeitura divulgou ainda uma nota, na manhã desta sexta, ressaltando que os animais estão sendo destinados pela Polícia Militar Ambiental a um instituto de proteção animal e, portanto, não estão disponíveis para adoção. A intenção da nota é desmentir boatos que circulam na internet de que os cães estariam sendo doados na frente do próprio canil.
“Os órgãos competentes estão tomando todas as providências necessárias em relação ao ocorrido”, finaliza o texto.
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O caso
O canil clandestino foi descoberto na tarde de quarta-feira (13) pela Polícia Ambiental no bairro Goiabas. Segundo as autoridades, no local havia cerca de 1.500 cães de raças como pug e shih-tzu.
Ainda conforme a Polícia, no local estavam diversos animais, mantidos em situação de maus-tratos para procriação e venda de filhotes de raça. Os bichos ficavam divididos em baias e apresentavam más condições de higiene.
Durante a fiscalização, os policiais não encontraram a documentação com o estado de saúde dos animais. Também foram localizados medicamentos vencidos, que eram usados nos animais.
Diversos dos cães mantidos no local apresentavam feridas, doenças de pele e problemas na visão. A Vigilância Sanitária e a Guarda Civil Municipal (GCM) também foram acionados ao local para prestar apoio a ocorrência.
A Polícia Militar Ambiental informou que a ocorrência está em andamento. Até o momento, não há informações sobre o destino dos cães e o paradeiro dos responsáveis pelo local. (Com informações de Larissa Pessoa)