Moradores registram morte de peixes em lago no Campolim

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Mancha escura de produto químico foi vista no lago nesta quinta-feira. Na manhã deste domingo (13) peixes apareceram mortos. Crédito da foto: Divulgação.

Mancha escura de produto químico foi vista no lago nesta quinta-feira. Na manhã deste domingo (13) peixes apareceram mortos. Crédito da foto: Divulgação.

Moradores registraram na manhã deste domingo (13) a morte de peixes no lago que fica nos fundos do Parque Carlos Alberto de Souza, no bairro Campolim, na zona sul de Sorocaba. Eles estavam caminhando na pista do parque e notaram muitos peixes próximos à superfície da água tentando respirar.

A mortandade pode ter sido causada por uma extensa mancha escura de produto químico que cobriu mais da metade do lago, nesta quinta-feira (10). Durante a manhã desta sexta-feira (11), o cheiro forte da substância ainda podia ser sentido pelos visitantes do local, mesmo à distância. O Cruzeiro do Sul questionou o Saae Sorocaba e a Prefeitura de Sorocaba a respeito.

A Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) informa que o teor de oxigênio da água do lago do Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim, diminuiu bastante em razão do descarte criminoso de óleo no lago do parque, por isso os peixes estão indo à superfície para respirar. Com a remoção do produto feita pelo Saae na quinta e na sexta-feira (10 e 11), a taxa de oxigênio se estabilizará naturalmente em alguns dias e os peixes então terão o ambiente normalizado.

"Não há o que se possa fazer neste momento. Retirar os peixes do lago é tecnicamente inviável agora, já que seria necessário contratar uma empresa para esse trabalho. Importante salientar que a Sema vai monitorar o lago nos próximos dias e se a situação não se estabilizar, fará uma intervenção para a remoção dos peixes. Importante destacar que a eventual morte de algum peixe do lago será registrado e será um agravante no processo de multa ambiental, assim que o responsável pelo ato criminoso seja identificado", informou a pasta.

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Já o Saae disse que fez todo o trabalho de sucção do produto químico que apareceu no lago, rastreamento e localização onde ocorreu o despejo criminoso (galeria de águas pluviais da ViaOeste na marginal da Raposo) e buscas de câmeras de segurança ao redor que puderem ter registrado a ação. “Conseguimos duas, mas as imagens não alcançaram o local do despejo. Após a sucção de todo material químico do lago, a autarquia realizou jateamento com água limpa justamente para evitar morte de peixes”, informou o órgão.

Um morador do bairro, que faz caminhada praticamente todo dia no Parque Campolim, tirou foto dos peixes tentando respirar na superfície da água do lago. Francisco Antônio disse que tentou entrar em contato com o Saae Sorocaba e com a Prefeitura de Sorocaba para relatar a situação, mas não conseguiu.

Mais de 88 mil litros de água misturada com produto químico já foram retirados do lago desde quinta e a operação continuou nesta sexta para evitar que a contaminação causada pelo descarte irregular da substância se espalhe pelos demais lagos da praça. Para evitar que a mancha se espalhasse para os outros dois lagos da praça, uma barreira física com mangueira plástica foi colocada na água por técnicos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).

Funcionários do Saae realizaram trabalho para retirar produto químico de lago no Campolim nesta sexta-feira (11). Crédito da Foto: Fábio Rogério (11/12/2020)

Funcionários do departamento de esgoto utilizam caminhões de uma empresa terceirizada contratada pela autarquia para retirar o produto químico da superfície da água. Na quinta, foram quatro caminhões com capacidade para oito mil litros cada. A operação foi retomada na manhã desta sexta para continuar com o serviço. Todo o material está sendo levado para a Estação Elevatória de Esgoto 10 da autarquia, onde passará por tratamento.

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), em nota, a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) informou que registrou boletim de ocorrência e vai informar o Ministério Público sobre o ocorrido. A Polícia Civil deverá realizar uma perícia nos locais.

Investigação

O caso é investigado pelo Saae e a Cetesb. A principal suspeita é de que um caminhão tenha sido utilizado para jogar o produto químico em uma boca-de-lobo na Rodovia Raposo Tavares, próximo a região do Campolim. A rede é responsável por escoar a água da chuva e, por isso, é direcionada até o parque.

Mancha de produto químico cobre mais da metade de lago no Campolim. Crédito da Foto: Vinícius Fonseca (10/12/2020)

A possibilidade foi levantada após manchas escuras serem vistas próximo a saída de água no lago. Além disso, o Saae encontrou marcas de pneus e restos do material escuro dentro da boca de lobo e na tampa. Funcionários dos departamentos de esgoto e drenagem da autarquia percorreram prédios de apartamentos e comércios da região ao redor da boca de lobo onde o material foi despejado, solicitando imagens de câmeras de segurança. Os vídeos serão analisados para tentar identificar o caminhão que realizou o despejo criminoso.

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O flagrante foi feito exatamente uma semana após moradores reclamarem de um caso parecido em outros bairros da zona sul. Na noite da última quinta-feira (3), moradores de Sorocaba chegaram a passar mal por conta do forte cheiro depois que o líquido se misturou com a água que passa pelo córrego da Água Vermelha.

Na ocasião, o forte odor pôde ser sentido a partir do bairro Parque Fazenda Imperial, na região da Rodovia Raposo Tavares, e seguiu pelo Jardim São Carlos até chegar no Jardim Paulistano, na região do Parque Romeu Osório Pires, e no Jardim Faculdade, próximo a Avenida Barão de Tatuí.

Técnicos do Saae e da Cetesb colheram amostras do produto químico encontrado em pelo menos três pontos do córrego da Água Vermelha, que passa por análise. A substância do lago no Campolim também foi encaminhada para um laboratório. A avaliação preliminar aponta que se trata de um produto derivado de petróleo.