Covid motiva pesquisas em universidades locais
UFSCar produz EPIs e álcool em gel; PUC analisa efeitos do vírus em gestantes; Uniso pesquisa soroconversão
Se há uma linha a ser seguida durante a pandemia de coronavírus que assola o mundo e, mais recentemente, vive seu pico no Brasil, é a da ciência. Universidades em Sorocaba vêm desenvolvendo, desde o ano passado, estudos, iniciativas e projetos que visam entender, explorar e ajudar o cenário regional e nacional que sofrem com a Covid-19.
O Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que tem campus em Sorocaba, possui diversos projetos relacionados ao coronavírus desde o surgimento da doença. Em levantamento da faculdade (somando todos os seus quatro campi), são 87 estudos relacionados às Ciências Biológicas e da Saúde; 47 em Educação e Ciências Humanas; cinco em Ciências Exatas e de Tecnologia; dois em Ciências da Natureza; um projeto relacionado às Ciências Agrárias e um relacionado às Ciências Humanas e Biológicas, totalizando 143. Aqui na cidade, a UFSCar possui, entre outros cursos, os de Ciências Biológicas.
Uma das iniciativas de destaque, do grupo denominado Solidariedade 3D, é a produção e doação de equipamentos de proteção individual (EPIs) para instituições e profissionais que atendem pacientes infectados com o vírus. O Hospital Regional de Sorocaba, a Santa Casa e o Gpaci foram alguns dos locais assistidos.
Em outro projeto, uma equipe de docentes do Departamento de Biologia da faculdade produz álcool em gel, também para doação às instituições. Além disso, a UFSCar-Sorocaba irá construir um bosque em homenagem às vítimas da Covid-19 e já possui uma plataforma virtual para reunir voluntários na produção de respiradores artificiais, chamada “Respirador Hacker”.
Já no campus de São Carlos, onde está seu curso de Medicina, a Federal tem outros estudos que merecem menção, como avaliação de sequelas em pacientes hospitalizados (até o momento, 69 pessoas foram avaliadas após alta hospitalar) e grupo de apoio a profissionais de saúde sobrecarregados pela pandemia.
Já na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Sorocaba, há a produção de dois estudos envolvendo o tema na área de Enfermagem. O primeiro deles é sobre a relação entre o período gestacional e a Covid-19, que pretende compreender os efeitos adversos do vírus em relação a não gestante e às gestantes, além de entender a patogênese sobre o feto e o neonato. O outro tem como objetivo avaliar e relacionar o estresse e as estratégias de coping e/ou enfrentamento da equipe de enfermagem atuante nos cuidados diretos aos pacientes acometidos pela doença.
Na Universidade de Sorocaba (Uniso), há a produção de um artigo científico no programa de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, o qual explora as perspectivas sobre o tema sob o viés da variedade genética. Além disso, no curso de Biomedicina, em conjunto com o Instituto de Diagnóstico Sorocaba (IDS) e a Universidade de São Paulo (USP), está sendo desenvolvida uma pesquisa com a finalidade de avaliar a incidência de soroconversão em pacientes com diagnóstico laboratorial de SARS-CoV-2, ou seja, são avaliadas a frequência e a quantidade de anticorpos produzidos em indivíduos com diagnóstico laboratorial de Covid-19 via RT-PCR.
Com isso, pretende-se demonstrar que indivíduos positivados não necessariamente soroconvertem (produção de anticorpos após a infecção), que há uma provável correlação positiva envolvendo o método de detecção de antígeno e posterior soroconversão e, por fim, prováveis correlações destes métodos com outras alterações laboratoriais e em exames de imagem. (Marina Bufon)